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terça-feira, 14 de junho de 2022

POEMA SEM VERBO

Não, meu poema não é mais canto nem verbo:

Apenas se esconde, silente, num beco escuro da noite fria

E se encolhe e assim permanece, quieto 

E pranteia de um modo abundante, incessante,

Mas sem o menor dos soluços, sem poder ser ouvido.

Chora escondido e volta os olhos ao céus sem estrelas,

E nada busca senão a escuridão mais soturna...

A escuridão mais calada,

Como se nada se visse,

Como se nada se ouvisse,

Como se fosse o nada.

Meu poema é estátua enegrecida no deserto e esquecido jardim.


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