Já fui chamado algumas vezes(principalmente nas redes sociais) chamado de velho, em grande parte das ocasiões com a entonação que torna a expressão (velho) pejorativa. Mas eu sou velho(!), assumidamente velho(!), e no entanto isso não me faz menor do que ninguém. Não me torna inferior a quem quer que seja. Tenho 65 anos e algumas mazelas físicas
de idoso. Minha cabeça não é de idoso , porém. Fisicamente estou em consonância com a idade cronológica, o que desmente que a idade esteja na cabeça: tá é no corpo mesmo(!), e não adianta alguém de alta idade ficar-se vendo como na primavera da vida, porque o organismo envelhecido e gasto pelo tempo irá mostrar à criatura seus anos reais no mundo. Mas sobre mim pergunto: e daí que sou velho? Ao menos não encampei o falso moralismo e ranço de muitos velhos, nem aquele hipócrita princípio que preconiza a importância da família não afetiva, mas institucional, tampouco prego outros anacronismos irracionais e estúpidos que tristemente vejo alguns idosos e jovens (também falsamente) alimentarem. O tempo não corroeu meu pensamento libertário nem me fez um velho rançoso a defender tabus e preconceitos cheios de bolor e vazios de consistência e de razão. Minha cabeça permaneceu não digo jovem, mas despojada das ideias senis, retrógradas, pseudomoralistas, ridículas e descabidas que norteiam muitos velhos e jovens por aí. Falo que não digo que minha mente não é jovem porque não é a juventude, mas o poder de analisar o mundo e as coisas com clareza (pelo menos enquanto o Alzheimer não vem) e de formular e não preconceber pensamentos é inerente a qualquer ser racional, independentemente da idade. Ou seja, uma mente nebulosa e tapada ou aberta e esclarecida é algo que não está de forma alguma intrinsecamente ligada ao tempo de nascimento. Em suma, pensamento não se divide em jovem e velho, mas em claro ou obtuso.
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