Carol era ambiciosa, era-lhe mister subir rapidamente na carreira jornalística. Antes repórter de rua de um jornal dedicado exclusivamente à página criminal, sentia-se desprestigiada , injustiçada e insatisfeita na carreira que abraçara com tanta alma e dedicação.
Um dia o dono do jornal entendeu que seu lugar era a Redação, e durante uns seis meses Carol ali aquietou-se. Depois achou que era hora de perseguir algo condigno, mais compatível com o seu talento e sua competência. Foi aí quando procurou amizades entre jornalistas de um jornal de grande porte. Deu-se a frequentar as salas e seções da instituição, o que acabou tornando-a amiga de colunistas de projeção. Pediu-lhes a intercessão para trabalhar em um órgão de impresna de maior prestígio. Ali não havia vaga, e a moça, na esperança de surgir uma oportunidade, continuou a frequentar a mesma roda de amigos e a lembrar-lhes com certa frequência que ainda mantinha o desejo de mudar de emprego.
Quando o diretor da folha em que trabalhava soube de suas idas ao concorrente, resolveu demiti-la, mas isso pouco a atingiu. Jornaleco, pasquim infame que a submetera a ver corpos de todos os jeitos nas ruas e a remunerava de modo não satisfatório ainda que depois da mudança de setor, fez que Carol, moça de 25 anos e moradora da casa dos pais, em Laranjeiras, visse aquela demissão mais como um favor do que como uma punição. Pôde então dedicar-se ainda melhor a tentar uma colocação na grande empresa jornalística, que tinha emissoras de tevê e outros recursos que traduziam o seu poder.
Ganhou na insistência um lugar como "freelancer", voltando a fazer reportagens de rua, o que não era exatamente o almejado, porém já um começo: seria só saber transformar aquela chance num trampolim. Pegou um avião pra Brasília, alugou uma quitinete na periferia e deu-se a cercar o Congresso Nacional, buscando sempre uma boa matéria, uma notícia de peso, mas mal conseguia adentrar as dependências da instituição.
Adriano há muito era um deputado com influência sobre um número grande de colegas, Carol sabia da simpatia da empresa noticiosa pelo parlamentar, era notório que os patrões consideravam com grande apreço a possibilidade de apoiá-lo numa possível candidatura à Presidência da República no pleito de 2022. Não só Carol percebia a sua grande importância, como também naqueles cercos ao carro e ao trajeto do político foi descoberta e observada de forma concupiscente por Rogério. O motorista olhava-a sempre longamente, percorria os olhos dos pés à cabeça da moça, despia-a demoradamente com os olhar e foi o trampolim de que tanto ela necessitava.
Uma dia a repórter parou, sorriu para ele:
--Boa tarde!
--Boa tarde, princesa!
--Gosto de ver você e o deputado Adriano Ferraz juntos. Ficam tão à vontade um com o outro, parecem amigos de longa data.
--Gata, a gente se conhece há muitos anos, ele é meu amigão.
--Que legal! Que bom trabalhar com pessoa assim!
--Maneiro, gatinha...
--Diz uma coisa pra mim: depois do expediente vocês vão sempre descansar? Você não gosta de tomar um chope, um vinho...?
--Claro, gata!!! --- animou-se Rogério -- Tem dias que a gente sai precisando ser carregados.
--Ah, legal! Bom pra descontrair um pouco.
--E como é!
A moça olhou fundo nos olhos do homem:
--Você tem algum compromisso pra hoje à noite? Quer tomar um chope comigo?
A aceitação do segurança veio de pronto. Combinaram e à noite encontraram-se num belo bar de Brasília.
A repórter não poderia incluir o deputado no convite. Temera que Rogério o fizesse, mas para sua sorte(dela) isso não aconteceu. A companhia de Adriano desprestigiaria Rogério e gerava o risco de tudo não passar de uma conversa a três, com insinuações maliciosas e luxuriosas e nenhum proveito para os objetivos da jornalista.
No encontro os dois foram bastante descontraídos, em poucos minutos já se beijavam ardentemente, falavam de suas preferências sexuais e fecharam a noite num motel. Carol era uma diva de bonita, afrodite na beleza e nos ardores. Rogério regalou-se de toda aquela lindeza, aquele corpo moreno despido e de todo o seu fogo de fêmea sobre a cama.
Mais dois encontros aconteceram, e, no terceiro, ela pediu ao segurança que tentasse convencer Adriano a dar-lhe uma exclusiva acerca de sua trajetória política e liderança sobre outros colegas. Rogério concordou e intercedeu com o político:
--Nem sei quem é essa Carol! -- relutou o outro.
--Puxa, Adriano! Ela tá sempre aparecendo em reportagens de rua...
--Pois é... Só faz externas... Não sei nem se ela vai fazer perguntas que possam me ajudar em alguma coisa...
--Pô, Adriano! Tu faz o "script". Combina as perguntas com ela...
--Pô, mas ainda assim...
--M'ermão! Além de tudo ela fode gostoso pra caralho!! Tu vai perder essa!?
Adriano sorriu um sorriso bem cínico:
--Você sabe muito bem que eu seria incapaz de me aproveitar da situação e assediar uma profissional no exercício da profissão.
Ambos gargalharam longamente, o motorista-segurança detalhou o comportamento da mulher na cama, porém ainda assim Adriano opunha alguma resistência.
--Dar entrevista a uma maria-ninguém é um risco. Ninguém conhece ela...
-- Mas todo mundo conhece você.
--Eu sei, mas...
--Faz o seguinte: eu dou uma ligada pra ela, você combina a coisa do "script"...
--Beleza! Tá legal!
E assim foi feito. Entretanto Carol, determinada e de natureza taxativa, ponderou:
--Desculpe, deputado, mas eu gostaria então de primeiro enviar ao seu e-mail as perguntas que eu vou fazer. Se Vossa Excelência não apovar, eu faço as perguntas que o senhor quiser.
O parlamentar concordou, passou-lhe o e-mail, recebeu as perguntas, aprovou-as, mas ainda ligou para negociar:
--Suas perguntas estão ótimas! Muitas são as que eu ia mesmo pedir que você fizesse. Mas ainda assim eu pediria que acrescentasse outras que não estão entre as suas.
Carol concordou plenamente. A seguir ligou pro diretor de reportagens da empresa jornalística:
--Consegui uma exclusiva com o Adriano Ferraz. Ou vocês me contratam e dão uma vaga nos estúdios, ou então vendo a matéria pra outra emissora.
Após algum debate entre os dirigentes, Carol recebeu do homem a resposta positiva, e aquela foi a primeira entre várias exclusivas de Adriano a ela, que passou com certa frequência a acolher no corpo os desejos do político, homem há alguns anos bem-casado com uma dondoca e pai de uma casal de crianças encantadoras.
Não há dúvida de que a relação da moça com Rogério passou a ser bastante cordial, mas sem nada de cama, como se nada houvera acontecido entre os dois. Mas o motorista tinha muitos anos de bastidores do poder e não deu muita importância, já que conhecia perfeitamente como se dava esse tipo de jogo.
Fevereiro de 2021
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