Santiago era um advogado bem-sucedido. Homem alto, forte, metódico, sisudo, vaidoso, bem-aprumado na postura e elegante no vestir-se, altivo e de poucas falas. Ia lá pelos seus quase cinquenta anos. Na questão específica de pouco falar, isso se revertia completamente quando, da tribuna, defendia seus representados nos tribunais. Aí tornava-se eloquente, verborrágico, veemente, tinha o próprio dom da oratória.
Certa vez conseguira absolver um sujeito que era mula do tráfico e fora flagrado pela polícia com grande quantidade de cocaína, convencendo, ele, o advogado, o juízo de que o homem fizera o transporte da droga sob coação dos traficantes, que ter-lhe-iam sequestrado a família para forçá-lo a expor-se com a mercadoria ilícita por ter o réu, na favela, manifestado inúmeras vezes antipatia ao chefe do morro e ao crime organizado. A empreitada envolveu falsos testemunhos e uma série de artimanhas jurídicas de Santiago, mas o criminoso foi solto, podendo aguardar em casa o trânsito em julgado ou o recurso do Ministério Público, e só não pôde comemorar a libertação porque o chefão do gueto mandou executá-lo no dia em que voltou para casa, por não tolerar alguém se deixar pegar pelas forças policiais.
Noutra feita, já na área cível -- pois era criminalista e civilista -- conseguira um dano moral astronômico para um cliente que fora humilhado, ofendido e agredido pelo gerente de um hotel cinco estrelas onde prestava serviços de pintura. Naquele episódio, ele próprio encarregou-se de obter as filmagens das câmeras, comprando-as de um segurança da hospedaria, e entregá-las às emissoras de tevê, para que a ampla exposição aumentasse o constrangimento e o valor da causa.
Tinha hábitos extremante arraigados e deles só se desviava em situações excepcionalíssimas, quase nunca faltando à academia de musculação, não saindo do comedimento na bebida, da ida aos bares uma única vez na semana e da rigidez de horário do próprio escritório e dos seus encontros amorosos e lazeres. Mais parecia uma máquina, um robô programado por si próprio.
Conhecera Rafaela numa dessas idas a uma uisqueria. Naquele dia ficara um longuíssimo tempo a fitar a moça, que acompanhava-se de uma amiga, até que, após alguns encontros de olhares e sorrisos, pedira licença à outra mulher e chamara a pretendida a uma breve conversa à mesa que ele ocupava, onde trocaram algumas palavras bastante objetivas e os números de celulares. Rafaela depois pediu licença e voltou ao seu lugar, e três dias depois os dois se encontraram.
Fazia agora quatro anos que os dois estavam juntos.
Rafaela era divorciada e morava com a mãe e uma filha de quinze anos, já completara trinta e oito anos e era uma mulher morena de tez clara, cabelos aos ombros e de coxas e seios pronunciados, gostando de usar sempre vestidos de tecidos leves pouco acima dos joelhos e com abertura ora lateral, ora frontal, e assim deixava à mostra um pouco do corpo sensual e bem- desenhado que sempre arrastava os olhares dos homens para si.
Era bonita, elegante e falava de forma polida e em baixo tom de voz. Às vezes sua fala era quase didática, e isso se dava porque a mulher dava aulas de geografia em dois colégios de ensino médio da Zona Sul do Rio.
Os dois formavam um belo casal, mas aquele costume de não falar de Santiago a incomodava e agoniava profundamente, mais ainda a quase absoluta falta de manifestações de afeto e gestos de carinho. Diversas vezes Rafaela pensara em romper o relacionamento, mas alguma coisa que ela sentia a prendia irremediavelmente a ele, como se o homem fosse o ar que ela respirasse. Recusava-se a admitir para si mesma que aquilo pudesse ser um amor inexplicável e quase infundado.
Santiago a tinha na cama, ardia, levava-a a prazeres impressionantes, mas, após os corpos saciarem-se, tinha pressa de ir embora, recusava-se a ficar trocando carícias e palavras, apressava-se em sair do motel e ir para casa. Parecia coisa de homem casado, mas não era, porque com certa frequência Rafaela ia à casa do namorado, que era viúvo e morava com um casal de filhos, a menina com dezoito anos e o rapaz com dezessete. Que diabo era aquele homem? Teria algum sentimento ou seria totalmente vazio? Parecia um androide. E como seria possível amar um androide? Teria essa aberração acontecido a ela?
Às vezes convidava-o a ir a um bar de Copacabana onde se tocavam músicas ao vivo, mas Santiago nunca aceitava os convites, o que a frustrava e entristecia, e numa dessas idas ao lugar Rafaela conheceu Misael, uma rapaz de trinta anos que cantava de um modo infinitamente expressivo, os sentimentos à flor da pele, e era um exímio violonista.
Naquele dia ela convidou-o para sentar-se à sua mesa ao final da apresentação, e os dois conversaram longamente, surpreenderam-se por terem tantas afinidades, tantos sentimentos e ideias iguais, e lá pelas duas da madrugada se beijaram incessantemente e se amaram no quarto de Misael.
2
Um ano depois, a relação entre Misael e Rafaela perdurava. Ele era o avesso de Santiago: atencioso, falante, romântico, despojado de espírito prático, gostando de cantar, compor letras e músicas, tocá-las e cantá-las. Vivia agarrado ao violão.
Não era, entretanto, um músico conhecido, não tinha (nem jamais quisera ter) outro trabalho além de tocar e cantar em bares, festas e eventos. Estava longe de ser um profissional bem-sucedido. Não moraria em Copacabana se não tivesse herdado da mãe, que herdara do marido, pai do rapaz, dois apartamentos e uma quitinete no mesmo bairro. Minimalista, pouco apegado a coisas materiais, optou por morar na quitinete e alugar os dois apartamentos. Era um quarto grande e uma pequena cozinha com uma prateleira, uma geladeira e um fogão que só utilizava pra fazer café ou chá. Um banheiro pequeno para banhos e necessidades. No quarto um armário embutido e uma mesa minúscula de quatro bancos, uma cama e uma poltrona, um computador, um aparelho de som, uma televisão e o violão. Pronto! Era o bastante pra Misael. Ali foi o lugar mais simples e precário onde Rafaela se deitou com um homem.
Se Misael não ligava para luxos e posses, por outro lado apaixonara-se intensamente por Rafaela... e a ela dedicava-se, fazia-lhe poemas e canções, quando a recebia em casa enchia de atenções e agrados, encomendava lanches e refeições, doces, guloseimas, bebidas, e os dois se amavam com gana e delirante volúpia, e depois ficavam a conversar e a se embriagar, a contar histórias e casos, a falar de música, de cinema, de política, de artes. O músico a tratava como a uma rainha, dizia-lhe coisas doces, sonhava uma vida feita só de amor e poesia para os dois, sem ruas, pessoas e mundo à volta, onde só eles existissem numa atmosfera de pleno amor. Tudo aquilo como que alimentava Rafaela, supria-lhe as carências afetivas, fazia-a feliz consigo mesma, e ela às vezes ficava a refletir: era ele o homem que deveria amar, jamais aquele sujeito pedante e de mármore com quem já estava há cinco anos envolvida. Às vezes (ou quase sempre) queixava-se do advogado para ele próprio:
--Você parece que não tem sentimentos. Não deve sentir nada por mim. Só vejo entusiasmo nos seus olhos quando saímos juntos pra alguma festa e eu vou toda arrumada: acho que você não gosta de me ter, mas só de me exibir.
Santiago olhava-a sem interesse no assunto e dizia-lhe vagamente:
--Isso é tolice sua. Você é muito cheia de carências.
--E não é um direito meu?! -- ela às vezes se exasperava -- Não posso ter a atenção e o afeto do meu homem? -- e aí seus olhos se marejavam e sua expressão se tornava súplice e desolada.
--Não sou romântico nem de me derramar em declarações de amor e elogios. Você me conhece e sabe que sempre fui assim.
--Você não tem capacidade de demonstrar sentimentos por mim? Não consegue praticar um gesto de ternura?
--Você tá sendo insistente. Melhor mudarmos de assunto e falarmos algo mais interessante.
--O que é mais interessante? Seus processos? O TJ, a Justiça Federal?
--Meus processos são o meu trabalho, Rafaela.
--Você nem se preocupa em saber onde estou, o que é dos meus dias, o que faço quanto não te ligo ou não te encontro. Nem ciúmes você sente... -- e a última frase, dita por ela mesma, era-lhe como uma punhalada, pois diante dele se sentia a mais insignificante entre as mulheres.
--Meus sentimentos não se alimentam de insegurança.
--Você é gelado, Santiago!
Nessas ocasiões as lágrimas brotavam-lhe incessantemente dos olhos, e o homem ficava mudo e a fitá-la. Após ela acalmar-se, ele apenas decidia:
--É melhor eu te levar agora pra casa.
E saíam ambos calados, no carro, da Barra a Botafogo.
Quando estava nos braços de Misael, o clima era leve e lírico, e Rafaela sentia-se amada e preciosa, importante e quase endeusada.
--Você pra mim é tudo. Nós dois aqui juntos -- costumava dizer o cantor -- é a mais plena felicidade, como se eu não tivesse nada a mais a querer ou conquistar na vida. O mundo não interessa, só você importa. Nossos momentos são a a maior conquista da minha vida, porque todo o mais parece irrelevante. Estar aqui com você... ou à beira-mar, com nossos pés mergulhados nas águas, é tudo pra mim.
Havia porém momentos em que ele manifestava alguma agonia:
--Um dia você vai deixar aquele homem e ser minha, só minha, num mundo só de nós dois.
Ela sempre o olhava de um modo reticente, evitando dizer algo que o pudesse machucar, e limitava-se a responder acenando com uma esperança:
--Tem paciência, meu amor, me dá algum tempo, sem me pressionar, pra resolver isso.
O rapaz não insistia, mas Rafaela voltava a pensar consigo que Misael era o homem que deveria amar.
3
Todos os projetos de vida de Misael incluíam Rafaela, muito embora esses projetos não fossem além de continuar a tocar nos bares e eventos. Porém ainda assim imaginava a mulher presente em todas as suas apresentações e depois voltando para a quitinete com ele e comentando sobre a reação do público, os elogios, os aplausos, os pedidos de bis, findando a conversa em muitos beijos e frenesis e convulsões de amor.
E viver sob o mesmo teto com alguém nunca esteve nos planos do músico, que gostava de ter seus relacionamentos sem grandes compromissos e sem o convívio do dia-a-dia. O apego à professora era demasiado, tanto que sentiu-se sem escrúpulos e um tanto repulsivo no dia em que a traiu com uma linda morena que se lhe insinuou insistentemente na praia do Arpoador. Fizeram loucuras na cama (a mulher era uma fogueira) e ainda cheiraram juntos a cocaína que ela carregava consigo. Não lhe deixou no entanto número de telefone ou a levou ao seu quarto: foram a um motel, e ele não quis um segundo encontro. Nunca sentira nenhuma culpa após trair ninguém, muito embora não se lembrasse de haver um dia envolvido em nenhuma relação séria. Com duas semanas já tinha esquecido tudo e deu-se a degustar aqueles momentos tão emocionantes e palpitantes em que tinha a presença da sua amada.
Todavia era comum ficar a matutar: será que um dia Rafaela o chamaria para uma conversa séria e comunicar-lhe-ia a decisão de não mais levar aquela vida dupla para dedicar-se a Santiago? Enquanto aquilo não acontecia (se é que aconteceria), Misael ia-se encontrando com ela, ambos tomando chope, vodca ou uísque nos bares e tirando algum tempo para pisar nas águas do mar.
4
Por volta de uma semana depois do último encontro, Rafaela andava ressabiada, preocupada: uma semana sem Misael dar um telefonema ou enviar mensagem pelo "whatsapp". Estranho... Começou a moça a enviar dizeres e não obter resposta alguma. Ligava e não era atendida.
Numa tarde de meio de semana, então, resolveu procurá-lo em casa. Apertou inúmeras vezes o interfone e ninguém perguntou quem seria. Resolveu então acionar o interfone do porteiro, esse atendeu, e ela perguntou pelo namorado:
--É dona Rafaela? -- indagou o porteiro, que já a conhecia.
--Sim, sou eu! -- respondeu ela, aflita.
--Dá um momento, que eu vou até aí.
O funcionário do condomínio aproximou-se da portaria, abriu-a e se pôs diante da professora:
--Dona Rafaela, eu achei estranho: o Misael não disse nada à senhora?
--Não!!! -- ela arregalou os olhos, ainda mais aflita -- Mas o que foi que aconteceu, afinal? Diz logo, por favor!
--Calma, não fique assim...
--Mas o que houve?!!! -- ela exaltou-se.
--Dona Rafaela -- o homem manteve a fala calma e amiga -- o Misael se mudou...
--O quê????!! -- ela se viu quedada e perplexa, petrificada por longos segundos.
--Ele não disse nada à senhora?
--Não... -- ela tinha a voz trêmula, fraca e embargada.
--Mudou-se no sábado passado. Até me surpreendeu: o caminhão de mudança parou, os ajudantes saíram, apertaram o interfone, ele abriu e as coisas dele começaram a descer. Depois me deu um abraço, disse que ia alugar o apartamento, acabou de se despedir e foi embora no carro dele.
--E ele nem deixou endereço?! -- ela gritou.
--Não.
Rafaela estava decididamente paralisada, e o porteiro perguntou:
--A senhora tá se sentindo bem? Quer entrar um pouco, tomar um copo d'água e se sentar pra relaxar?
Ela estava muda, sem ação. Apenas balançou negativamente a cabeça e saiu andando. A seguir foi para o estacionamento e entrou no carro. Ficou ali parada por quase uma hora, a fronte apoiada no volante enquanto as lágrimas lhe desciam e os soluços pareciam não querer cessar.
--A senhora tá passando mal? -- indagou um funcionário do estacionamento.
--Não... -- ela respondeu enquanto soluçava -- Só me deixa por favor ficar mais um pouco aqui.
Quando pôde dirigir, fê-lo com muita cautela, e, ao chegar a casa, correu direto para o banheiro, para tomar num banho demorado e tentar parar de prantear.
5
Se Misael tinha medo de Rafaela chamá-lo a uma conversa formal e terminar tudo, esse medo só fez aumentar a cada dia. Achava que não suportaria aquele momento tão dramático. Seu coração se esfacelava dentro do peito, seu desejo de que ela fosse somente dele só crescia, mas as esperanças de isso acontecer só murchavam a cada momento. Aquela agonia não podia continuar. Melhor que se desse a separação de uma vez por todas.
Mas ele não tinha forças para postar-se diante da moça e romper, pedir-lhe que não mais o procurasse. Aos diabos isso de ter a hombridade de dizer o que achava que devia falar a ela! Misael não tinha estrutura, não tinha coragem, se acovardava, sim, e daí!?
Nas últimas semanas morria todos os dias, chorava sobre o travesseiro, não somente pelo medo do enfrentamento à situação, mas sobretudo pela certeza de que Rafaela jamais o amaria, ao menos tanto quanto ele queria e precisava. Alimentava-se dos momentos em que a tinha em sua companhia... e doía-lhe profundamente saber que aquela mulher não correspondia à altura os sentimentos tão intensos que nutria no peito. Eis o motivo de resolver fugir.
Após receber a notícia de sua mudança, Rafaela ainda tentou contatos outras vezes, e ele trocou o chip e o número do celular, para não mais sentir a agonia de ver que ela continuava a buscar contato.
Alugou um minúsculo apartamento em Petrópolis e ali instalou-se. Pretendia voltar para Copacabana uns dois anos depois, mas por ora o mais recomendável era não frequentar os lugares a que costumava ir, ficar bem longe de todos aqueles cantos que só lhe trariam a lembrança da ex-namorada.
Mesmo na Região Serrana, Misael viu atada à sua memória a constante lembrança de Rafaela... e morria todos os dias, renascia n'alguns momentos, mas via a alma desvanecer e murchar mortalmente a seguir. Encontrou-se melhor muitos meses depois. O tempo muda paisagens e cenários, traz morte e traz vida nova: por que então não traria ao rapaz novamente dias iluminados de alegria, em que não quereria ele mais do que saborear com volúpia toda a delícia de uma vida feliz? Assim, seguiu ele, agora a tocar e cantar nos bares da Região Serrana, amparado naquela esperança de que os dias vindouros lhe trariam de volta toda aquela plenitude de vida e de festa que sempre tivera dentro do peito. Ele bem sentia: sua alma pouco a pouco se acendia de novo, e era como Misael se estivesse a refazer de uma doença e a voltar à saúde mais completa. Eram as feridas se cicatrizando, e o coração começando a voltar a retumbar de felicidade e desejo de viver.
6
Por alguns meses Rafaela também ficou abatida, macambúzia, ainda lerda nos gestos e pensamentos, como se aquele momento de surpresa e perplexidade se houvesse prolongado e se ameaçasse perenizar em sua alma. Dessa vez ela tornou-se tanto ou mais calada do que Santiago, que, embora parecesse de pedra, um dia angustiou-se e indagou-lhe:
--Mas que diabos você tem? Reclamava que eu sou calado e agora parece uma múmia na expressão do rosto e nesse silêncio de sepultura!
--Apenas não ando bem -- evadiu-se a moça de responder -- mas logo isso vai passar.
Depois de se ver refeita, e Misael tornar-se uma lembrança boa, não mais, foi surpreendida por Santiago, que convidou-a a jantar e, à mesa do restaurante, fixou os olhos nos dela e falou de um modo quase solene:
--Eu te trouxe aqui porque queria que conversássemos algo sério.
Rafaela também olhou-o dentro dos olhos, sisuda:
--Pode falar.
Santiago continuou:
--Estamos juntos há quase seis anos... Acho que, por mais que eu seja fechado, nos conhecemos bem...
--E então? -- a moça mostrou-se um pouco ansiosa, ainda olhando-o firmemente.
--Sempre fomos bastante ligados e conseguimos estabelecer uma relação de confiança, criamos vínculos de sentimentos e temos boa compatibilidade. Por isso quero saber se você aceitaria se casar comigo.
Rafaela arregalou os olhos, surpresa. Por alguns segundos ficou a refletir, mas os pensamentos foram inúmeros naquele exíguo tempo. Santiago era calado e parecia de mármore, não era dado a palavras e gestos fagueiros, que eram o que ela tanto carecia. Porém agora passava-lhe uma grande impressão de ter-lhe amor ou algo que a alguma distância, grande ou pequena, se parecesse com amor. Aquele pedido talvez fora o maior inesperado de toda a sua vida.
Se sempre parecia distante, se sempre parecia de mármore, Santiago, a quem estava ligada de forma irremediável, a quem tanto se apegara, a quem podia dizer que amava, agora seria seu. Ninguém é propriedade de ninguém, mas Rafaela sentia que Santiago seria como seu, pela vida metódica, pelos laços de casamento e pelo afeto que ela agora achava que ele revelava.
Sua demora fê-lo perder a calma:
--E então? Você não quer?
Ela apenas sorriu e balançou afirmativamente a cabeça, respondeu num quase sussurro:
--Sim.
2026