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domingo, 26 de julho de 2020

AS TURRAS ENTRE PT E PDT DESENHAM UM FUTURO TRÁGICO PRO BRASIL

Enquanto debulhavam-se em lágrimas sobre o leito de um PSDB agonizante, os globais, aturdidos, ficavam a se perguntar que alternativa o Brasil (leia-se: a Globo) teria para fazer contraponto a Bolsonaro em 2022.  Os comentários dos telejornalistas ignoravam as correntes progressistas, muito embora Cristiana Lobo e um de seus pares hajam concordado que o desgaste sofrido pelo PT acarreta-lhe muitas dificuldades.  Fica notório que é para eles mister que surja um líder reacionário em condições de enfrentar o atual presidente nas próximas  eleições presidenciais.  E eu, que achava que o arrogante capitão já estivesse aniquilado, vi-me numa tremenda estupefação por conta de as últimas pesquisas apontarem ser ele um adversário difícil de bater.
Enquanto a Globo procura por um nome que una a direita, do outro lado PT e PDT se digladiam ferozmente, inteiramente indispostos a se prestarem apoio mútuo no pleito eleitoral.  A dedução  a que chego é que os militantes de ambos os partidos têm um único desejo e objetivo:  que o seu venerado líder máximo, Ciro Gomes ou Lula, seja o próximo a sentar-se na cadeira presidencial,  ou do contrário que o Brasil seja explodido, corroído de coronavírus, apodrecido de miséria, com corpos caindo pelo chão, quer em decorrência da fome, quer em virtude de doenças e outras mazelas.
São fundamentalistas como os sectários protestantes seguidores das igrejas fundadas por pastores   desonestos e aventureiros; fundamentalistas como os bolsonaristas fanáticos, preocupados unicamente em ver seu seu "altíssimo" ídolo com o poder nas mãos.
Lamento dentro do atual contexto a pouca projeção da Rede e do PSOL, sobretudo o PSOL, partido pelo qual nutro profunda simpatia, do mesmo modo como sou admirador de Randolfe Rodrigues(Rede) e Alessandro Molon(PSB) e sua atuação respectivamente  no Senado e na Câmara.
Entenda-se bem: a pequena  performance do partidos de Randolfe e do PSOL, e a teimosia egoísta e irresponsável de PT e PDT manterão o sistema socioeconômico ultraconservador que vivemos nos dias de hoje, porque os reacionários concorrerão unidos.  Embora os comentaristas da Globo finjam abrir os braços e olhar pra todos os lados à busca de um candidato com o perfil  desejado pela Casa, é lógico e notório que há muito já optaram por Rodrigo Maia, a quem entrevistam quase todos os dias, colocando-o numa posição confortável de crítico do que é unanimemente mau e defensor do que é indiscutivelmente bom.  Há muito elegeram o deputado uma espécie de Madre Teresa de Calcutá de calças, o guia do caminho do bem, o "guru" de que os sem-norte tanto carecem.   Afortunada, a emissora ainda pode dar-se ao luxo de contar com Henrique Mandetta e Sérgio Moro juntos.  Embora Mandetta tenha sido impecável na transparência e orientações acerca da pandemia, na sua gestão sobre o Ministério da Saúde, da mesma forma como Moro portou-se dignamente nos episódios concernentes à Polícia Federal, não podemos esquecer que ambos serviram Jair Bolsonaro e são cabeças muito distantes de estarem voltadas para a questão social.      
Em síntese, com o insuficiente desempenho e divisão dos progressistas, o cenário que se desenha para o Brasil a partir de 2022 é simples e trágico:  ou perde as mãos com outro reacionário, ou perde os braços com Bolsonaro.            

domingo, 12 de julho de 2020

O MASSACRE DOS ORIXÁS

--Conta a mim, Pai Oxalá,
Que foi feito de Xangô, 
Baluarte da justiça,
Seu machado e seus trovões.
--Que podia, dize, ó, filho,
Contra os torpes seguidores
dos demônios poderosos
Travestidos de profetas?

"Iansã também morreu, 
Consumida por seu fogo
E por obra de oradores
Que só pregam preconceitos."

--E de Oxóssi o que me dizes?
Que tem feito pelas matas
Nestes tempos tão malditos
De matar floresta e bichos?
--Afogado nos garimpos,
Por mercúrio envenenado,
Por grileiro, incinerado,
Moto-serra o retalhou.

"Iemanjá foi atolada
Em tapetes de óleo preto,
Ante o riso de homens sórdidos
que desprezam natureza."

"Pobre Oxum, foi ofendida,
Espancada por racistas,
Foi chamada de 'devassa',
Foi expulsa do País."

"Foi Exu também recluso,
Nomeado 'meliante',
Encerrado a sete chaves:
Não há mais um mensageiro."

"Omolu não fez mais curas,
Foi chamado 'charlatão'
Por pastores de mentira,
Milionários crimonosos."

"Ossaim se viu proibida
De curar com suas ervas
Usurpadas pelos brancos
Que detêm laboratórios."

"Espancado Oxumaré
Por ser macho e por ser fêmea.
As milícias 'moralistas'
O proíbem de dançar."

"E Nanã, capturada
Lá do fundo dos seus rios,
Foi trancada como louca
Torturada a eletrochoques."

"Ai, agora um negro odeia
Os irmãos da mesma raça.
Vejo os índios sendo mortos,
Declarados inimigos,
Quilombolas humilhados,
Declarados parasitas."


"Deus agora é o deus dos brancos
Arrogantes e cruéis.
Nunca vi tanto racismo
Numa gente tão mestiça:
Vou fugir lá pra Nigéria,
Vou pra Togo ou pra Benin,
Mas não fico nestas terras:
Negro aqui não pode, não."
 

segunda-feira, 6 de julho de 2020

TODOS OS ELEITORES DE BOLSONARO, INCLUSIVE OS ARREPENDIDOS, MERECEM O NOSSO DESPREZO


Não cabe alguém se declarar eleitor arrependido do Bolsonaro, porque todos sabiam a que ele vinha, pois já homenageara Brilhante Ustra, um dos maiores torturadores do Brasil, na votação do afastamento da Dilma. Além disso, sua campanha foi calcada na antidemocracia, no saudosismo em relação aos anos de chumbo lotados de torturas, assassinatos e desaparecimento de pessoas que se opunham ao regime. Então, quem votou em Bolsonaro queria de volta as mortes, os sumiços, os martírios, um sistema de terror bestialmente cruel, apoiado pelas milícias e que calaria todos os seus opositores sob pena de enquadramento em leis de exceção ou prisão arbitrária, desdobrando-se qualquer das duas situações em lancinante sofrimento físico e moral, quer de quem se opusesse ou de seus familiares, ou ainda de todos.
Aliado a esse contexto de extrema violência, o então candidato pronunciou-se repetidas vezes a favor de retirada de direitos trabalhistas e achatamento salarial, quando dizia que os trabalhadores teriam de escolher entre emprego e salário,entre emprego e direitos.
Não fosse a crise econômica provocada pelo reacionarismo e incompetência da equipe econômica e sobretudo pelo flagelo do coronavírus, esses arrependidos, indiferentes à falta de gestão do governo sobre a pandemia, estariam engordando as passeatas de bolsopatas que pedem a volta do AI-5 e intervenção militar com Bolsonaro no poder. São, portanto, imperdoáveis, e merecem todo o nosso desprezo, por sua índole e por fazerem parte da vasta camada de brasileiros indignos da menor confiabilidade.