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domingo, 31 de janeiro de 2021

ENTREGA À POESIA

 Ah, me dar à poesia

como quem orasse ao cosmo

num fervor sem ter igual...!

Ah, cantar co'a devoção 

dos amantes à luxúria,

do guerreiro à sua luta...!

Ah, deitar co'a natureza

e deixar que adentre a alma

a cantiga a vir dos céus...!

Ver brotar poema-prece

dos amenos sentimentos,

das candentes emoções...

Confundir co'a lira a reza...

Ah, fundir a lira e a reza,

caminhando nas palavras,

levitando nos meus versos,

num amor de olhar canino,

co'a pureza de animal!

sábado, 30 de janeiro de 2021

MAS É CLARO QUE BOLSONARO VAI DESGOVERNAR O PAÍS COM PODERES TOTAIS

 Não há como Bolsonaro não ter, em curto ou médio prazo, poderes totais ou absolutos, quer por meio de golpe ou mesmo por expedientes absolutamente legais.  Se levarmos em conta que tudo o que se aprova ou rejeita no Congresso é decisão de  duas únicas pessoas: os presidentes da Câmara e do Senado.  Esses dois mandam literalmente nos votos da absoluta maioria dos parlamentares.  Disto isso, observamos que, como o Capitão Cloroquina quer muito uma nova Constituinte, o Parlamento, manso, dócil e interesseiro, vai dar-lhe o tão ambicionado presente  e ainda conferir-lhe o atributo de decidir sozinho acerca de todas as questões nacionais, criando, revogando e descumprindo leis a seu bel-prazer, exercendo direito de vida ou morte sobre cada cidadão.  Como se o apoio político e institucional não lhe bastassem, ainda conta com o respaldo de quase totalidade das tropas militares, das PMs e polícias civis, além de ter a seu favor, apesar da rejeição de 40%,   a bênção de uma parcela de 57% da população https://www1.folha.uol.com.br/poder/2021/01/crise-derruba-popularidade-de-bolsonaro-aponta-datafolha.shtml (os 31% que acham-no bom ou ótimo e os 26% que o veem como regular, aceitável, tolerável, palatável), gente movida pela nostalgia cruel quanto aos anos de chumbo e tortura, pela estupidez e desconhecimento da política e da história,  pela sordidez inata ou por tudo isso junto.

O quadro que se desenha para os próximos anos é Bolsonaro reeditar aqui o fenômeno italiano de Mussolini, que dominou a Itália com apoio dos camisas-pretas e outros milicianos.   Entretanto pelo seu jeito de ser rústico, ignaro, grosseiro, bronco e truculento,  vai ser igual a esses caudilhos  africanos, que mandam e desmandam, atiram, executam, empreendem uma gestão violenta, sangrenta e medonha. 

Que mesmo da memória dos  ignorantes e direitistas  não-bolsonaristas jamais se apague que Rodrigo Maia, que poderia ter extirpado um tumor maligno incipiente,  aproveitado o momento em que o presidente estava completamente isolado e rejeitado para assim colocar em votação o "impeachment", preferiu deixar que o nódulo se tornasse metástase que se espalhasse de forma incontrolável e irremediável por todos os tecidos e sistemas do corpo da Nação,  em nome, segundo dizem,  do deus mercado financeiro, que joga com risco zero e aufere lucros astronômicos, absurdos e não gera um posto de trabalho sequer.


DA "INDIGNAÇÃO" NACIONAL COM A CORRUPÇÃO

 Muito me  impressiona  a veemência e determinação dos cidadãos brasileiros em combater e atacar a corrupção... a alheia, é claro, porque a própria cada um dos  oitenta por cento de corruptos prefere manter incólume e intocada.


sábado, 9 de janeiro de 2021

AUTOBIOGRAFIA POÉTICA

 Vida, vivi tantos tantos amores

E provei tantas paixões, 

Amargando muitas dores;

Mas em mim há uma certeza:

As paixões têm gosto bom

Como manga e qual morango,

Como pera  e como anis.


Vida, degustei das aventuras.

Mundo, toda esbórnia é um poema,

Tarde clara em brando sol,

Primavera dentro d'alma

A sambar, vibrar em festa.


Ah, sofri tanto de amores!

Fiz sofrer certas mulheres, 

Mas me dei aos sentimentos 

Como um cão cheio de afetos,

Turbilhão sentimental.


Nunca fui religioso,

Não vivi o que é virtude, 

Mas virtude o que é, enfim?


Não juntei nenhum dinheiro,

Não me fiz um venerado

Pelo que é material.


Morte, sei, quando vieres,

Não trarás poema ou música,

Mas só dor e sofrimento;

Entretanto tua antítese

Eu vivi com toda a gana,

Cultivei as emoções 

Com o zelo de quem cuida

De jardins pelos quintais.