O ano de 2022 terá a maioria dos feriados caindo em dias de sábado ou domingo, para tristeza dos empregados e grande alegria dos patrões. A mídia e um bocado de gente por aí sempre apregoaram pelos quatro cantos do Brasil que um feriado causa um tremendo prejuízo à Nação, mas isso é mentira. Mentira deslavada, e eu explico por quê.
O que há no feriado é um represamento temporário da demanda, e isso acarreta, em compensação, um grande aumento de procura de produtos nos dias úteis subsequentes. Se o seu chuveiro queimou em pleno domingo ou feriado, tão logo as lojas abrem, você corre e compra outra resistência ou outro chuveiro, mas não passa a tomar banho frio ou a não tomar banho em consequência de um dia de casas comerciais fechadas. Assim o movimento no comércio e na indústria aumenta logo a seguir e de forma considerável, gerando uma sobrecarga de trabalho para os funcionários, por conta dessa saída mais volumosa de produtos decorrente do período em que estes ficaram retidos , sendo tudo compensado em todos os aspectos, e o faturamento dos empresários não sofre no frigir dos ovos nenhuma queda que possa fazer escorrer fio de lágrima de um canto de olho.
Dizem também que o erário deixa de arrecadar uma fábula: outra inverdade: na reabertura da economia, o aumento das vendas faz que o governo arrecade o que capitalizaria se não tivesse havido dia parado. A União, Municípios e Estados recolhem para seus cofres o que recolheriam se fosse uma semana só de dias úteis, para exultação dos irmãos Centrão, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco, com o orçamento secreto seu e dos outros membros do bloco parlamentar governista a que pertencem, figuras que são os grandes beneficiários e o objetivo sagrado e principal da arrecadação federal.
A única perda, ou melhor, redução de ganhos acontece quando os patrões são obrigados a pagar aos seus empregados o dia ou dias não trabalhados, mas a margem de lucros fica quase incólume ao final do mês, pois não são os repousos e feriados que quebram empresários, mas efeitos da política econômica de governantes conservadores, cruéis e sórdidos, que são inimigos implacáveis do poder de compra das classes trabalhadoras, governantes que eles próprios, patrões, defendem com unhas e dentes e com uma torpeza esperta e simplesmente ignóbil.