Não sonharei jamais um mundo melhor
Nem nutrirei no velho peito a menor ilusão,
Se as criaturas nada importam se equiparadas aos capital,
Se o poder, a guerra e o triunfo nas batalhas
Revelam a alma dos homens de forma bem cristalina...
Se os animais sublimes que vemos nos campos
São sempre mortos com crueldade satânica:
Não há beleza alguma nos campos.
Se cada pessoa é solitária ao extremo,
E as cidades, inchadas de gente, são simplesmente desertas.
Se os amores são calculados e tão pragmáticos,
E dos casamentos, então... melhor nem falar.
Se mãos humanas bestiais, tão imundas,
Dão vida a ainda mais cataclismos:
Vendavais, calores, secas, inundações.
Se a ignorância é mensageira e bastião dos malignos
Que semeiam pobreza, miséria, a fome e o caos...
Se a natureza agoniza, encolhida, estuprada
Pela ganância dos vis magnatas.
Cada humano abriga na alma um demônio
--São demônios dos mais variados tamanhos--,
E eu, às vezes, me desolo bem fundo,
Enquanto luto por conter meu diabo
E me furto a mensurar-lhe as dimensões.