Tinha Lúcia, que era tão bonita,
e cheirava sempre a sabonete,
e era tão boa de deitar.
Tinha o quintal com três cachorros
e a terra, que cheirava a chuva à tarde,
e os arbustos sob a luz a balançar.
Tinha o futuro, que se vestia de esperança
e parecia tão delícia e tão de festa,
que era capaz de toda agonia afugentar.
Tinha um desejo imenso de cantar
que pulsava toda vez que a semana se acabava
e me fazia feliz por existir tão simplesmente.
Não vou me encher assim não mais de nostalgia,
porque é tal como me apertar de dores pelos cantos,
como morrer, viver a morte todo o dia, o tempo inteiro.
Não, não vou me encher não mais de nostalgia,
senão tanta saudade vai doer em mim demais.
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