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sábado, 29 de junho de 2019

O LADO MULHER DE MALANDRO DOS ELEITORES DO BOLSONARO

Já dizia o cancioneiro popular que "mulher de malandro, rapaz(!), apanha num dia, no outro quer mais".
Entre os eleitores do Bolsonaro, há aqueles que sufragaram seu nome em prol dos interesses pessoais, como os banqueiros, os latifundiários, os negociantes de previdência privada e fundos de pensão, os investidores do mercado financeiro, os megaempresários e outros da mesma camada.  Esses jamais poderíamos comparar a uma mulher de malandro: porque os dessa classe social são a esposa, casada por interesse, já que o marido zela pelo patrimônio da cônjuge e cuida de multiplicá-lo.    
A mulher de malandro é a parcela muito significativamente maior dos eleitores do "magnânimo e brilhante" discípulo do "mestre" Olavo de Carvalho, uma grupo que corresponde a no mínimo oitenta por cento dos que o elegeram, já que há menos de quinze por cento da população detendo noventa por cento da renda nacional.  Aquela maioria , assim como eu, não teve até o presente momento sequer um rascunho de notícia de o presidente ter feito o menor dos menores gestos, ou mesmo elaborado o mais tímido projeto, de gerar benefícios às classes trabalhadoras.  Muito pelo contrário, o "jesus" revelado pela "deidade" Edyr Macedo toca no Congresso a perversa reforma da previdenciária, pretendendo usurpar direitos de quem está no mercado de trabalho, além de pretender reduzir à metade o benefício de quem é atendido pela LOAS (Lei Orgânica da Assistência social), quer desvincular as aposentadoria do salário mínimo e praticar um sem-número de barbaridades contra quem já trabalha (ou trabalhou) muito e ganha(ou ganhou) pouco.
O que me assombra, porém, é que uma maioria muito grande dos inclusos nesse caso defende seu presidente com unhas e dentes, quase disposta a matar ou morrer por seu eleito, assim como uma mulher de malandro, prostituída e explorada pelo macho, constantemente menosprezada e agredida, sai em defesa do seu homem com porrete ou navalha em punho, sempre que alguém a ele faz críticas, enquanto o malandro não tem pela amante o menor apreço, cuidado ou sentimento.  
Já me levantaram a tese de que muita gente já estaria arrependida e no entanto a recusar-se permanentemente a dar o braço a torcer, e isso é uma característica da mulher do cafetão que nega-se a admitir aos seus críticos os defeitos do pelintra.  
A pobreza de conhecimentos e argumentos de tais pessoas leva-as a rebater a desaprovação dos atos do ídolo com os argumentos mais vazios de conteúdo, de realidade, de verdade, de sentido,  de inteligência.  Se você disser que o governante é um monstro para o meio-ambiente e para os animais, vão responder que tantos políticos do PT tanto roubaram que o país chegou à situação em que está, sem que entretanto tal resposta nada tenha a ver com a questão levantada.  Desviam o foco, partem para a ofensa pessoal, levantam a voz e são capazes de atos violentos para defender raciocínios que simplesmente não têm.
Coisas assim só explicam pelo fato de o presidente ser o espelho da sociedade, que é pouco brilhante de ideias e pensamento, além de antidemocrática, racista, homofóbica, fascistoide, agressiva,  antiecológica e cruel.

domingo, 16 de junho de 2019

BAIRRO PERIFÉRICO


O sol se pondo, a tarde morna,
os operários e suas mochilas.
Ladeiras, ruas, vilelas,
mulheres de curtos vestidos,
decotes protuberantes.

Crianças brincando em calçadas,
poema quente ao crepúsculo.
Os homens, mulheres chegando
e entrando em casas pequenas,
despindo as vestes suadas.

Vai caindo a noite, quase festiva.
Os homens apertam as mulheres,
e estas se dão, sequiosas.
Suor, o sêmen, os fluidos,
verão acendendo os desejos:
quão linda é a magia do sexo!

Conversas, os risos, as mesas,
a dança dos copos nos bares.
Tevês, novelas, notícias,
queixumes, atrito nas casas.

Existe a tensão n'alguns becos
onde homens suspeitos conversam
e quase nunca sorriem, 
e o bairro lhes é como um servo.

A Lua, redonda, bonita,
reluz sobre as casas e bares,
prateia os telhados e muros,
atiça a alegria da gente
e é um canto lotado de vida.