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Já vi algumas vezes certos homens maduros dizerem: "Quem me dera ter vinte anos com a cabeça que tenho hoje. " Seria um chato, um jovem insuportavelmente chato, enchendo o saco de outros com algumas considerações tediosas próprias da maturidade, alguns momentos enfadonhos de conversa sisuda nada palatáveis pela mocidade. Sem contar o insucesso com as moças, que o achariam simplesmente um porre(!). Melhor mergulhar em outras divagações, pois essa de um benquisto de cabeça de velho em corpo de jovem seria como "Deus dar asas à cobra", o que um velho ditado diz que jamais aconteceu.
Já fui chamado algumas vezes(principalmente nas redes sociais) chamado de velho, em grande parte das ocasiões com a entonação que torna a expressão (velho) pejorativa. Mas eu sou velho(!), assumidamente velho(!), e no entanto isso não me faz menor do que ninguém. Não me torna inferior a quem quer que seja. Tenho 65 anos e algumas mazelas físicas
de idoso. Minha cabeça não é de idoso , porém. Fisicamente estou em consonância com a idade cronológica, o que desmente que a idade esteja na cabeça: tá é no corpo mesmo(!), e não adianta alguém de alta idade ficar-se vendo como na primavera da vida, porque o organismo envelhecido e gasto pelo tempo irá mostrar à criatura seus anos reais no mundo. Mas sobre mim pergunto: e daí que sou velho? Ao menos não encampei o falso moralismo e ranço de muitos velhos, nem aquele hipócrita princípio que preconiza a importância da família não afetiva, mas institucional, tampouco prego outros anacronismos irracionais e estúpidos que tristemente vejo alguns idosos e jovens (também falsamente) alimentarem. O tempo não corroeu meu pensamento libertário nem me fez um velho rançoso a defender tabus e preconceitos cheios de bolor e vazios de consistência e de razão. Minha cabeça permaneceu não digo jovem, mas despojada das ideias senis, retrógradas, pseudomoralistas, ridículas e descabidas que norteiam muitos velhos e jovens por aí. Falo que não digo que minha mente não é jovem porque não é a juventude, mas o poder de analisar o mundo e as coisas com clareza (pelo menos enquanto o Alzheimer não vem) e de formular e não preconceber pensamentos é inerente a qualquer ser racional, independentemente da idade. Ou seja, uma mente nebulosa e tapada ou aberta e esclarecida é algo que não está de forma alguma intrinsecamente ligada ao tempo de nascimento. Em suma, pensamento não se divide em jovem e velho, mas em claro ou obtuso.
A extrema-direita está, decididamente, definitivamente, determinada a transformar a história não só do Brasil, como do mundo, no mais autêntico "Samba do Crioulo Doido", suplantando fartamente o trabalho do grande Sérgio Porto, nosso saudoso "Stanislaw Ponte Preta", em humorística e ironicamente, e com muito talento, embaralhar os fatos e personagens históricos. Só que Sérgio Porto fê-lo propositadamente porque sua canção era um refinado trabalho de humor. Ao passo em que a ultradireita é claudicante, desajeitada, bizarra, ignara, grotesca e despreparada. Isso deve ser reflexo do "Brasil Paralelo", uma versão frustrada, esfrangalhada e patética do IPES (Instituto de Pesquisa Econômica e Social) do Golbery do Couto e Silva, que foi (o Instituto) embrião do golpe de 1964.
Depois de o secretário de Educação do Tarcísio de Freitas, governador de São Paulo, uma espécie de Bolsonaro de brinquedo ou arremedo de Bolsonaro (obstinado em reeditar o bolsonarismo -- "Bolsonaro 2, a Missão")... depois de Tarcísio e seu assessor passarem a assinatura da Lei Áurea da caneta da Princesa Isabel para a de Dom Pedro II, de destituírem Jânio Quadros em 1961 da Presidência da República e o colocarem na Prefeitura de São Paulo, fizeram o mar chegar à cidade (ou a Cidade chegar ao mar) para o ex-presidente e ex-prefeito proibir o uso de biquíni nas praias. Depois tem gente que não crê que a fé remove montanhas. Se Tarcísio e seu secretário removeram o mar (ou a capital paulista). diz agora que Deus não existe e não é onipotente! como dizia Antônio Conselheiro, São Paulo vai virar mar e o mar vai virar São Paulo! Nossa! Até eu fiquei maluco nessa! Acabei de deixar os defuntos da minha árvore "ginecológica" se revirando no túmulo!
Como não bastassem as mancadas do governo Tarcísio, cujo chefe é idólatra de Erasmo Dias e deu-lhe o nome a um viaduto (talvez achando o coronel linha-dura da ditadura mercedor do Prêmio Nobel da Paz e fazendo-lhe a "justiça" que estava ao seu alcance [do governador]... como não bastasse tamanho ensaio de "Febeapá" (Festival de Besteiras que Assolam o País", obra humorística do mesmo talentoso jornalista e escritor Lalau) da parte de Bozo Segundo, vem agora, no julgamento dos primeiros réus dos atos terroristas do 8 de janeiro, "Dia da Infâmia" (nas palavras da Ministra Rosa Weber), o advogado de um deles e embola as pernas de Antoine de Saint-Exupéry com os braços de Maquiavel, o pescoço de "O Príncipe" com as orelhas de "O Pequeno Príncipe" ... e acusa o pensador florentino do século XV/XVI de ter dito que "os fins justificam os meios". Lalau choraria de inveja se fosse vivo: nunca pôde imaginar humoristas e comediantes tão sobejamente superiores a ele.
Adiante, para que fique muito bem entendido o que eu digo, reproduzo a letra do "Samba do Crioulo Doido". Posto também a música, primorosamente cantada pelo "Quarteto em CY", que o Blogger fatal e infalivelmente vai arrancar do meu blog, por achar que quero ganhar acessos com o trabalho dos outros.
SAMBA DO CRIOULO DOIDO (SÉRGIO PORTO)
"Este é o samba do crioulo doido.
A história de um compositor que durante muitos anos obedeceu o regulamento
E só fez samba sobre a história do Brasil.
E tome de Inconfidência, Abolição, Proclamação, Chica da Silva, e o coitado
Do crioulo tendo que aprender tudo isso para o enredo da escola.
Até que no ano passado escolheram um tema complicado: a atual conjuntura.