texto com modificações
As alianças que sustentam os políticos concorrentes à Presidência da República deixam bem patente o quanto é difícil romper com o sistema. Requereria posições radicais, comprometimento da governabilidade (não falo da governabilidade toma-lá-dá-cá, mas a governabilidade legítima, em que o Legilslativo aprecia as matérias do Executivo com isenção e lisura), da própria sobrevivência política do mandatário com sua equipe. PT e PSDB são irmãos gêmeos com projetos gêmeos, com diferenças apenas em pequenos retoques das respectivas maquiagens, têm a mesma matiz de descompromisso com ideologias e projetos sociais, apenas diferindo no ponto em que o partido governista tem um perfil mais populista, embora ambos deságuem no mesmo propósito, que é a manutenção dos privilégios das classes mais favorecidas e a intocabilidade de tais castas. Porque o PT governa com o respaldo e participação do PMDB, o partido mais adesista, fisiológico e interesseiro da história política do Brasil. Isto sem contar os outros partidos aliados, com a mesma natureza e que também estão inteiramente equidistantes dos interesses das classes trabalhadoras e da sociedade.
Em suma, toda a coligação que apoia o PT representa os interesses unicamente do capital. O PSDB, da mesma forma, traz consigo o DEM, que é oriundo do PFL, que é oriundo do PDS, que é oriundo da ARENA, que é oriunda da UDN, que tem no seu histórico a destruição do governo e da vida de Vargas ( justamente quando este governava democraticamente) e o golpe militar ao governo de pendores socialistas de João Goulart. São grupos que caminham deixando um rastro de truculência contra atitudes verdadeiramente voltadas para a área social - defensores do capitalismo perverso que grassa no mundo inteiro e tanta miséria, fome e flagelos traz para a humanidade.
Marina Silva, por sua vez, que tenta apresentar-se como terceira via, já admitiu compor com PSDB e DEM, e até tentar o apoio de Lula, caso seja eleita. Francamente, querer o apoio de Lula não é pretender mudar o Brasil, mas unicamente desejar o lugar da Dilma. Fazer alianças com PSDB e DEM não é romper com a velha política (como tanto a postulante propala), mas aspirar a uma vaga de fantoche nas mãos daquela. Esta disposição da candidata acreana, que até fala em reformar a CLT (o que põe em risco férias remuneradas e décimo terceiro salário), deixa bastante visível o poder de fogo das fileiras bilionárias que sempre foram algozes dos menos favorecidos. É impossível rebelar-se e romper com eles, daí a necessidade de manter alianças com os representantes de seus interesses na política.
Romper com forças de tal grandeza exigiria revolução, violência, derramamente de sangue, tragédias inumeráveis, e não acho de maneira nenhuma que tal caminho pudesse ser viável. Porque implicaria em desgraças e dramas inomináveis, o país se veria destruído e sucumbiria num pavoroso caos econômico, a desordem se disseminaria de forma incontrolável, e tudo isto aconteceria sem a garantia da vitória dos rebeldes e, ainda no caso de triunfo, não haveria a certeza da sobrevivência de uma hipotética nova ordem, porque, historicamente falando, exemplos como a Revolução Francesa em 1789 - um marco na história do planeta, acabou por descambar em Napoleão, figura que representou a própria contrarrevolução - e a Revolução Russa de 1917 - que derrubou o czarismo tirânico e patrocinou um comunismo mal praticado e absolutamente totalitário, que por sua vez apropriou-se da sociedade e desaguou em Stalin, que era um carrasco autoritário e pavoroso - corroboram a minha tese da inviabilidade da partida para a violência e a convulsão social.
Uma guerra fratricida no Brasil traria a reboque a intervenção de potências estrangeiras, de países afins e rivais, que fomentariam o conflito com o intuito apenas de auferir vantagens. A implantação de um novo regime acarretaria a adesão de setores do antigo, que desviaria totalmente uma suposta revolução dos objetivos. Por outro lado, os próprios revolucionários poder-se-iam mostrar exatamente iguais ou muito semelhantes aos derrotados. Uma guerra interna não levaria a lugar nenhum, só à horripilante piora da situação. Oponho-me veementemente a uma tentativa de solução alicerçada na violência. Não é possível obter mais que a mitigação do capitalismo: não me iludo.
Dentro deste contexto, entende-se por que, ganhe com ganhe, nada atenuaria essa verdadeira ferocidade deste crudelíssimo sistema capitalista, que se dá o nome de neoliberalismo e que entretanto de neo nada tem em absoluto, mas que ao longo dos tempos vem sendo a grande endemia e flagelo econômico que assola o mundo e as camadas sociais mais indefesas.
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