Os versos que me vêm co'a noite são tristonhos,
O rosto que no espelho vejo é macambúzio,
Os sons que vêm das ruas me parecem melancólicos.
De onde, Deus, me veio o gosto amargo das palavras?
Não te creio, Deus, nem amo ou te suplico
E por isto não me atiro em prantos nos teus braços:
Sigo a vida só catando as parcas forças do meu ser.
Mas pergunto: de onde veio esta tristeza que me corta,
Que me sangra e deixa rastros das feridas no caminho?
Em que esquina me perdi, me fiz sem rumo,
Nada mais que um ser errante, tão sem norte e direção?
Ser confuso, tão pequeno, tão perdido e tão ao léu.
Que esperança pode vir de um trecho inesperado
Desta estrada tão sombria e conturbada que percorro,
Qual levado por um vento que conduz somente ao nada?
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