Antes de tudo, é preciso entender o papel dos órgãos de imprensa (a mídia). Criados em sua maioria por membros das classes dominantes, os órgãos de comunicação se dão, além de informar, o papel de formar opinião no sentido de fazer a sociedade crer que os interesses das categorias ricas vão ao encontro das aspirações e do bem-estar da população como um todo. Quando é difícl a persuasão, não têm sequer o pudor de evitar mentir. Ou seja, se não conseguem sofismar, mentem ou omitem fatos de fundamental relevância para serem bem-sucedidos em seu intento. Há também informativos criados por trabalhadores, trabalhando de forma antagônica, mas que têm uma circulação tão diminuta, que nem cabe apreciá-los aqui neste contexto.
Analisada a atuação das instituições de comunicação, você perguntaria por que tantos jornalistas, se não donos dos veículos, se prestam a confundir ao invés de informar de forma isenta. A resposta é fácil: se o jornal é de pequeno porte, fazem-no para manterem seus empregos. Quando a mídia é imensa e poderosa, praticam-no porque têm contratos milionários com as emissoras e por isto de forma nenhuma pertencem às camadas não privilegiadas, como a maioria de nós, que vivemos de salários e somos muito dependentes de políticas salariais, tornando-nos muito frágeis e passíveis de estragos causados por medidas previdenciárias e relativas a remunerações. Noutras palavras, imaginem os salários milionários de William Waac, William Bonner, Ricardo Boechat, Cristiana Lobo e entendam perfeitamente o que digo.
Pelos motivos apontados, você vê os âncoras na televisão defendendo achatamento de remunerações e prolongamento de tempo de labor (com fatores de redução remuneratória) para aposentadoria. Há muito tempo professam reforma da previdência atrás de reforma da previdência, não se contentando com as tantas já feitas desde a eleição de Fernando Henrique Cardoso. Pano de fundo da questão: o poder econômico é faminto de vantagens, viciado em lucros a cada dia maiores, não pensa senão em si próprio e, por ser composto por empresários e magnatas, beneficiário de políticas de baixa remuneração ao trabalho e de incentivos fiscais extremamente generosos e investimentos caridosos dos governos quando estes últimos conseguem economizar. Aqui se entendem os porquês de o empresariado ser tão preocupado com as verbas públicas.
Querem (os empresários) - e conseguem - adequar o Brasil a eles, impondo políticas econômicas perversas que só fazem concentrar renda em suas mãos. E para isto contam com os telejornais, os jornais de grande circulação e outros setores de mídia.
Pudemos perceber claramente que a imprensa nutriu durante as eleições uma predileção especial pelo PSDB, não porque o PT tivesse ou tenha qualquer coisa de partido de trabalhador, mas porque é uma frente abagunçada de gente que, se não vê nada de mais em atos de corrupção de aliados e correligionários, imagine como é no trato com a administração pública. Isto sem contar que vez por outra, por motivações meramente demagógicos, ousa desobedecer aos desíngnios do grande capital. Petistas e os chamados tucanos, no aspecto social, são iguais vendendo imagens diferentes: a vitória de Dilma vai produzir os mesmos efeitos que produziria uma suposta vitória de Aécio. Assim, se veículos de informações, porta-vozes dos empresários e banqueiros, queriam pessedebistas e vão ter de engolir os petistas, já cuidaram de parar com as críticas e fazer as pazes com Dilma, a que agora dão sustentação e por outro lado pressionam no sentido de tomar medidas econômicas extremamente nocivas a quem vive do próprio salário ou pertence aos estratos sociais não ungidos. Pressões que, longe de causar remorsos à mandatária, serão tomadas com ferocidade por esta, que comprimirá contra a parede o que chamam de base aliada mas que não passa de grupos que recebem benesses em troca de votos a favor de projetos governamentais, num toma-lá-dá-cá lamentável e que é altamente pernicioso à população do país.
Por falar em aliados, á ainda mais vergonhoso quando os famosos da imprensa vêm propugnar que é bom para a saúde do Brasil que o governo tenha uma vasta base aliada. É uma mentira deslavada: o legislativo foi criado para conter os abusos do executivo, discutir e questionar-lhe os projetos e objetivos, não para endossar-lhe todos os atos incondicionalmente, pois do contrário não teria, como nos dias atuais, razões de exisitir. É desalentador ver um Congresso que se deu a incumbência de tão somente obedecer a um governo com fortes inclinações ao despostismo.
Em síntese, o país tem uma estrutura de poder abolutamente desalentadora, alimentada por uma mídia pouquíssimo merecedora de credibilidade.
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