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segunda-feira, 20 de setembro de 2021

NÃO PENSE EM MIM

 Quando a noite for  calada e for escura de amedrontar,

Quando o dia teimar, obstinado, em não chegar,

Quando o silêncio se apossar da casa: a sala, o quarto, 

A cama, os cômados, a mesa, as janelas e o sofá,

E a solidão pousar sobre o seu corpo as mão geladas,

Não se lembre, por favor, por um minuto sequer de mim.



Quando quiser fugir da escuridão, da dor, do medo,

Mas nada salvo o abismo houver ante os seus olhos,

Não, não pense em mim, nem mesmo um único segundo,

Nem tente imaginar a claridade que até que poderia

Ter sido o nosso mundo, que é  imaginário,  que não nasceu.



Vá, encare a noite, o frio, o tédio, o abismo

E atire-se no mais profundo do mais profundo

Do mais profundo breu  silente que se venha a apresentar...

Mas não pense, não, jamais em mim...

Pois sigo sempre e só será você lembrança vaga,

Tão desbotada, tão fugidia, sem relevância,

Que até seu nome, eu  asseguro, esquecerei.


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