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quinta-feira, 31 de outubro de 2024

MORRE ARTHUR MOREIRA LIMA AOS 84 ANOS

 Não vai daqui uma homenagem, porque sou simplesmente avesso a homenagens. Até porque sempre é praxe que elas venham impregnadas da repulsiva hipocrisia. Prefiro exaltar de modo eufórico o talento e a sublimidade, e acho que Arthur Moreira Lima reunia as duas coisas.

Não me caberia fazer-lhe um poema, porque pareceria (e seria) oportunismo, e ele já era poesia simplesmente. 

Sempre tive uma simpatia especial por Moreira Lima, talvez ampliada pelo fato de sabê-lo progressista num Brasil desprezivelmente retrógrado e fascistoide.  Nutria por ele um certo carinho apesar de não conhecê-lo pessoalmente.  Coloco-o no rol das pessoas que acho grandiosas, pela sua arte e sua índole.

O tempo passou e Arthur envelheceu e morreu, e a morte na velhice, embora doa nos mais próximos, não deixa espaço para inconformismos -- a não ser pela própria existência da morte e pela própria cruel natureza das coisas.  Mas Arthur Moreira Lima foi longevo e morreu, e eu, embora não esteja sofrendo, me sinto tocado, comovido, com uma leve ponta de tristeza.  A morte libertou-o do sofrimento do câncer, e isso consola quem fica.  Mas é uma pena a gente perder alguém como ele.




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