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sexta-feira, 9 de abril de 2021

POESIA FUNÉREA

 Parti pr'uma cidade mineira bem distante,

Sem deixar olhos marejados de saudade,

Sem poema nem canção de despedida,

Sem dilacerar meu peito na partida.


Olhei para a frente, para a frente tão somente,

Num afã de mergulhar em vida nova,

Mas, além destas paredes, é a morte o que me espreita,

E me contenho, amargando a escuridão do medo,

Alma prostrada, inerte, em lassidão.


O maldito mor e seus malditos companheiros,

Tumores todos purulentos dos infernos,

Fizeram deste sítio um desmedido cemitério,

País funesto, a peste a se espalhar pelas cidades.


É triste por demais esta clausura

Que tolhe o corpo, fere a alma e que nos enche,

Do pavor, da apreensão e da incerteza

De se o amanhã pra nós existirá.


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