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sexta-feira, 30 de dezembro de 2022

O FANTASMA DO FASCISMO CONTINUARÁ NOS RONDANDO

 A "Folha" divulgou pesquisa que diz que Bolsonaro encerra governo com 39% de aprovação e 37% de reprovação.  Isso mostra que os critérios de avaliação são puramente ideológicos; que não importa o que ele tenha feito ou deixado de fazer: é o fascismo, mais robusto do nunca, palpitando forte no peito do Brasil.  Os atos terroristas dos últimos dias são pra sua grande legião de seguidores "atos de heroísmo", assim como soam-lhes "heroicos" os ataques que o capitão fez ao STF, à Democracia, a Alexandre de Moraes, e parece-lhes "correta" a recusa em vacinar a população. Nada de mau que ele faça ou tenha feito é pra essa gente  relevante, muito pelo contrário, é "sinônimo de bravura".  O de que precisamos é enterrar o fascismo, criminalizá-lo, proibir a frase "Deus, pátria e família" como ao racismo e à homofobia. Se Bolsonaro não for preso ou condenado à revelia, obscurecido e tornado eterno objeto de achincalhe, se o extremismo de direita, exercido por Tarcísio de Freitas ou Hamílton Mourão, não for combatido pela Legislação e pela Justiça, o Brasil voltará a partir de 2027 a ser governado por um déspota, que será perverso, injusto, sórdido, ocioso e draconiano, com pleno apoio da sociedade e sobretudo das elites empresariais.

Percebo numa grande parcela da população brasileira falta de compaixão, brutalidade, ignorância, maucaratismo e antipatia à democracia, e essas características dessa gente são um campo fértil para o fascismo.

domingo, 11 de dezembro de 2022

EIS QUE NOS DIAS DE HOJE SURGE UM ARREMEDO DO IPES

 Deixo aqui o link  para quem porventura não tenha conhecido ou ouvido falar do IPES, uma entidade criada para desgastar e  desestabilizar o governo de João Goulart, e iniciar, após a derrubada de Jango, uma sucessão de governos militares que deixou profundas sequelas na Nação. 

Reporto-me ao IPES, transformado após o golpe no SNI, porque a extrema-direita no Brasil vem nos dias atuais dando vida a um movimento que arremeda o Instituto e se dá o nome de "Brasil Paralelo", que tenta nos convencer de que não conhecemos a realidade de forma cristalina e verdadeira -- de que somos uns verdadeiros imbecis -- e tenta, por meio de revisionismo histórico (tentando deturpar a realidade dos fatos que marcaram a História) e outras artimanhas, minar a democracia e nos levar a outro regime autoritário como o de 1964 a 1985.

Há médicos, advogados, militares, empresários, profissionais de todas as categorias e pessoas de todas as classes sociais engajadas nesse movimento, e o que nos compete por ora (e talvez sempre) é refutá-lo e mostrar suas mentiras e  sua vocação autoritária.  O que eles pretendem é, por meio do campo das ideias, implantar na mente da sociedade princípios absolutamente retrógrados, totalitários, antidemocráticos e uma visão socioeconômica reacionária e em profunda harmonia com as mais cruéis desigualdades sociais.

Não devemos ficar repetindo o nome do movimento para não divulgá-lo, mas precisamos desmentir sempre todas as mentiras ou sofismas que pessoas ligadas a ele venham a divulgar dentro e fora das redes sociais.   Não é preciso responder às postagens dessas pessoas, é bastante que façamos postagens trazendo à tona a verdade.

http://memorialdademocracia.com.br/card/ipes-conspira-com-multinacionais-e-militares

O COMUNISMO MORREU. DEIXE FALANDO SOZINHO TODO DIREITAÇA (POR IGNORÂNCIA, MAUCARATISMO OU AS DUAS COISAS JUNTAS) QUE CHAMAR QUALQUER POLÍTICO PROGRESSISTA DE COMUNISTA


O COMUNISMO MORREU. DEIXE FALANDO SOZINHO TODO DIREITAÇA (POR IGNORÂNCIA, MAUCARATISMO OU AS DUAS COISAS JUNTAS) QUE CHAMAR QUALQUER POLÍTICO PROGRESSISTA DE COMUNISTA


 As portas dos quartéis estão cheias de lunáticos torpes clamando que os militares "salvem o  Brasil do comunismo", contando, é claro, vergonhosamente com o apoio de alguns generais, que, por sua vez, sabem perfeitamente que o comunismo está morto e enterrado, mas acham bom que se sustente esse conto da carochinha.  Aí vão me dizer: "Mas e Cuba? E a China?" Primeiro, se a China, tão devotada à economia de mercado, é comunista, eu sou o "Che" Guevara.  Cuba é, assim como China, não mais que uma ditadura, diferindo do país asiático em viver uma situação sócio-política-econômica calamitosa e deplorável, por obra do boicote americano logo após a revolução que elevou Fidel Castro ao poder.  Em síntese, não há mais comunismo, ou pelo menos sistemas com o rótulo de comunistas, já que até na extinta União Soviética não se foi além de um regime de força totalmente diverso do que preconiza a doutrina marxista na sua mais verdadeira concepção -- por favor, não li Marx, mas o conjunto de ideias que norteiam a ideologia é conhecida por todos .


Mas saiamos do plano mais  alto e voltemos ao lado mais chão , vil,  rasteiro, rastaquera e sórdido da questão.  Vamos primeirto entender porque esses movimentos antidemocráticos encontram tanto  resplado nas esferas militares: a questão é simples:  mais de 6.000 militares estão pendurados nas tetas do erário, recebendo cargo em comissão.  O Heleno, por exemplo, chefe do GSI, vai ter sua remuneração reduzida de R$ 54.000,00 pra R$ 23.000,00, seu soldo de general da reserva (e o cara tá se queixando horrores) porque é óbvio que o novo governo não vai mantê-lo no cargo.  Outro motivo:  já com o intuito de perpertuar-se no poder, Bolsonaro, ainda no ano passado se não erro, baixou uma portaria que permitiu aos miltares ultrapassar o teto constitucional do serviço público, que é hoje algo em torno de R$ 40.000,00, e isso fez que Braga Netto passasse a receber mais de R$ 100.000,00.   E olhe que estou me referindo apenas aos que ocupam cargos no governo, não falei daqueles que nos quartéis acumularam gratificações, vantagens e vai por aí adiante, com cujos salários não sei o que vai acontecer.  Fica então perfeitamtnte entendido, não, por que os militares estão tão sedentos de golpe, dispostos a derramar o sangue (dos outros) numa guerra de "excelsa bravura" (contra uma população desarmada), em prol da imaculabilidade dos seus elevados contracheques?


Entendida a adesão dos militares, vamos aos polítcos de direita, que da mesma forma como os fardados vivem na mídia vomitando um verbo escatológico cheio de fantasmas que todo reacionário se arrepia só de ouvir e dizem que Lula é comunista, que Randolfe Rodrigues é comunista, que Marcelo Freixo é comunista, que outros mais são comunistas, todos adorando comer criancinhas fritas, ensopadas,  empanadas, guisadas e que toda "essa raça é uma escória" muito da peçonhenta e perniciosa.  Tudo isso é essa putada que conta essas barbaridades que é.  Porque as criancinhas morrem nas filas dos hospitais, porque  em sua absoluta maioria não têm plano de saúde, porque o Brasil passa fome porque essa súcia defende os interesses próprios e dos banqueiros, empresários, latifundiários, traficantes de droga, de animais e de madeira, milicianos, garimpeiros ilegais e grileiros, havendo nas casas legislativas e nos governos de todos os âmbitos muita gente pertencente a esses grupos -- legais ou ilegais.  Existe então uma necessidade premente de demonizar políticos favoráveis ao progresso social, que,seja Freixo, Lula, Paim, Chico Alencar ou quem quer que se imagine, sabem perfeitamente  que nesta terra é impossível chegar mesmo à social-democracia, que é o que menos doeria aos capitalistas internacionais, mas que aqui no Brasil é um palavrão de expulsar um aluno de um colégio, uma vez que médicos, donos de plano de saúde, de estabelecimentos de ensino e de redes do mesmo ramo desestabilizariam o cenário do país a ponto de levar as forças armadas a praticar o seu maior objeto de desejo, tesão e orgasmos múltiplos: um golpe militar.  Em outras palavras,   os progressitas da nossa política sabem de maneira bem clara que o máximo que poderão, se bem-sucedidos, é reduzir as desigualdades e mitigar esse cenário de falta de saúde pública e de teto  no território nacional.


Portanto ninguém no Brasil está lutando pra estatizar os meios de produção, dividir as terras do coronéis que deixam o povo com fome e ganham fábulas de dinheiro, canalizando sua produção pra exportação, vendendo as sobras no mercado interno a peso de ouro.  NInguém querendo estatizar a Havan, a Riachuelo, as Casas Bahia, nem pretendendo implantar por aqui uma ditadura do proletariado, tão sonhada pelos comunistas utópicas e nunca posta em prática em qualquer  milímetro quadrado do mundo em minuto algum  da existência da humanidade.   Os canalhas purulentos que vêm querer assombrar a população com essas mentiras têm pleno conhecimento de que suas inverdades não passam de fantasias como o boi-da-cara-preta, o lobisomem e a mula-sem-cabeça, mas a fatia reacionária da sociedade apega-se a essas invenções safadas pra pregar o não-voto e o não-apoio aos políticos favoráveis ao progresso social.


Ser reacionário deveria ser prerrogativa de rico, mas no Brasil é diferente: temos uma enfiada de classe-média e de  pobres de direita!  Não dá pra palatar! O direitista o é por canalhice, por ignorância ou pelas duas coisas juntas, mas espera-se que ao menos eles tenham uma condição social ao menos razoável, o que definitivamente não ocorre no Brasil.


O que pretendo aqui, em síntese, é que repitamos todos os dias para os menos esclarecidos (mas não safados) que O COMUNISMO NÃO EXISTE e que NÃO HÁ NADA MAIS PERVERSO DO QUE O CAPITALISMO,  que pode e deve ser atenuado com medidas e dispositivos legais que nos aproximem ao máximo da democracia social.


terça-feira, 6 de dezembro de 2022

ENCANTAMENTO

 Deita, linda, e abre o corpo

Ao meu corpo como fora

Rosa a abrir-se à estação

Que é das flores e do sol.


Dança, linda, ante meus olhos,

E eu te vejo aos sons de flauta,

Violino e de piano,

De uma harpa angelical.


Vem cantar uma canção

Da lindeza das estrelas,

Dessa lua que te veste

Com seus raios cor de prata.


Vem beijar, que a nossa cama

É um poema doce e leve

Como seda, e é um mundo

Estrelado de nós dois.


Vem falar da poesia

Encantando nossos dias,

Do deleite sem tamanho

Que é vivermos nosso amor.

PROCISSÕES A SATANÁS

 Ah, medonho pesadelo!

Vi bradar os homens maus,

E eram tantos e tão sórdidos 

Que pensei estar no Inferno.


Festejaram todo o fogo

Ateado em bichos, matas

E se riram da miséria

E das mortes pela peste.


Cultuavam um demônio,

Uma besta abominável,

Que era espelho, era retrato

D'alma podre dos fiéis.


O demônio, destronado,

Vai pairar sobre esta terra,

Um fantasma pavoroso

Ao louvor dos purulentos.


Medo, nojo e ojeriza:

Os clamores por terror

E essas bestas tumorais

Caminhando entre nós.





domingo, 4 de dezembro de 2022

VEM, PAIXÃO!

 Vem, paixão, que és pulso, arroubo,

Que és fogacho e ventania,

Vem, paixão, e me arrebata,

Pois bem sei dos céus, infernos

Que contigo irás trazer!


Conquistar Taís no outono

E perdê-la em pleno inverno;

Refazer-me e dar-me a Vera,

Mas partir na primavera;

No verão ter Mara e Sandra,

Que amarei ao mesmo tempo,

Que amarei no mesmo afã.


Vem, paixão, e me arrebata,

Torna a mim alguém sem siso,

E eu viajo em tuas ondas

E me torno um turbilhão.


SE O AMOR ME TOCAR

 Se o amor me tocar como um feitiço,

Abrirei minhas narinas a inspirar os seus aromas

De afeição, de enlevo, de apego e sedução.

Amarei como se fora um trovador,

Flutuarei no Éden, sobre as águas, flores e jardins 


Irei querer promessas de um sentir que nunca finde,

Olhar estrelas e me encher de um verbo delicado

E ouvir da amada coisas ternas e repletas de doçura.

Seremos leves, fogueados, puros como pássaros,

Pois envoltos n'aura linda do mais alto e pleno amor.

terça-feira, 1 de novembro de 2022

NÃO ME DEIXE

 Não me deixe, não, na praça lotada;

Não me deixe, não, a praça deserta;

Não me deixe, não, aqui tão sozinho,

No beco sombrio da minha tristeza;

Não me deixe aqui, tão lasso, sem norte,

Perdido no mundo, vagando pro nada.

Não faça meu mundo silente e noturno,

Cortado de um frio a me arrepiar.

Não deixe que eu fique no inverno soturno:

Você é melodia, alegria e calor.

sábado, 29 de outubro de 2022

ACENDER O DIA

 Não, não tenho a noite inteira,

Não, não tenho o tempo todo:

Vou fazer que nasça o dia. 

Vou correr atrás do sol,

Vou dançar à beira-mar.


Vou deixar que o peito grite

Toda a gana de viver.

Vou cantar um samba alegre,

Vou entrar no bar lotado,

Vou trazer o Carnaval.


Demolir as agonias,

Trucidar qualquer tristeza,

Suprimir a solidão. 

Entregar-me a um sentimento,

Mergulhar na multidão.


Ouvir surdo, ouvir pandeiros,

Na alegria mais vibrante.

Não, não tenho a noite toda,

Não, não tenho a vida inteira:

Vou querer viver e amar.





quinta-feira, 13 de outubro de 2022

AMOR

Vou zelar pela manhã

Que há na vida do teu riso,

Nos teus olhos cintilantes.


Salpicar por toda a casa

O perfume do suave

Das palavras de doçura.


Semear em nossos peitos

Um desejo desatado

De cantar por toda a vida.


Construir o nosso mundo

Dos afetos mais sublimes,

Nos nutrindo deste amor.


domingo, 9 de outubro de 2022

NEGROR

 Há uma assombração detrás de cada porta,

Se ocultando nos desvãos e espreitando em cada umbral.

Não são vistas pelos olhos, mas pelo coração ferido.

Não há como correr casa afora,

Se existe um pântano gigantesco e sem vida,

E gemidos que vêm de ignotos lugares,

No negrume da noite profunda demais.



Há uma assombração detrás de cada porta,

O medo aperta o peito dilacerado,

A respiração vem veloz e descompassada,

E a morte parece se anunciar.





quarta-feira, 14 de setembro de 2022

DUETO DA DESPEDIDA


ELA:

Amor, eu bem sei que não volta,

E a tristeza me sai pelo poros

Como sangue que aflora na pele

Da ferida do meu coração.



ELE:

Amor, sei, nos fundimos num só,

Mas ficou tudo à volta sombrio

E com tantas tempestades e espinhos...

voltarei ao florir do verão.



ELA:

A partida me faz desolada,

Tão sem norte, sem vida e sem chão.

Meu amor, nunca mais você volta,

Fez-me escrava da mortal solidão.



ELE:

Em meu corpo levo o gosto do seu,

As lembranças se ataram a mim

Qual meus pelos, as unhas, as mãos:

Volto quando a primavera chegar.



ELA:

Eu mal sei se haverá primavera,

Se o verão nos virá iluminar.

Sei apenas que a vida é tão breve:

Você nunca, amor, vai voltar.


QUE SILÊNCIO!

 Meu Deus, que silêncio

nos becos, esquinas, 

nas ruas, sobrados,

Trazido no vento

das mil fortalezas!



Seria o prelúdio

dos gritos medonhos,

dos breus diminutos

com cheiro de sangue,

ali no porvir?



Seria a antessala

das rédeas, mordaças,

dos olhos fechados,

dos peitos calados,

das mentes vazias?



Será que os demônios

horrendos, ferozes,

com garras agudas...?

Virão, pavorosos, 

os vis canibais?



Meu Deus, que silêncio

que aperta meu peito, 

arregala meus olhos!

Meu corpo tremendo:

meu Deus, que silêncio!


quinta-feira, 8 de setembro de 2022

HOJE MORREU A RAINHA, NADA MAIS ACONTECEU NO MUNDO

  Hoje, segundo a mídia brasileira, nada aconteceu além da morte da rainha Elizabeth II.  Nenhum tiro na Ucrânia, nenhum assalto no Rio ou acidente de trânsito em qualquer parte do país.  Morreu a rainha, nada, nada mais aconteceu!   Até todos os abusos e absurdos cometidos por Bolsonaro ontem, 7 de setembro, estão desacontecidos.  Não houve nada e fim! Assim que foi anunciado o óbito da nobre, todos os acontecidos ficaram por não acontecidos, todos os ditos ficaram por não ditos, e o Brasil, sem eleições e ameaças golpistas, em fascismo,  tão livre de problemas, foi por desígnio da imprensa convertido à nacionalidade inglesa e obrigado a enlutar-se por uma morta que, enquanto viveu, não era morta (obviamente) nem nossa.  Agora é.   É nossa finada.  Não vai daqui nenhum desrespeito à rainha ou à morte -- quem, como eu, não crê em Deus ou vida além da matéria não se conforma ante a morte e se compadece profundamente de qualquer criatura que perde a vida.   Porém o que me incomoda é que hoje tivemos muitos mortos que sequer foram citados, além de o país ter tantos defuntos (dentre esses muitos em decorrência da fome, da falta de política de saúde, da carência de tudo nos hospitais, da violência, do feminicídio, do infanticídio, do latrocínio, etc...) que não pode se dar ao luxo de viver o luto dos outros.
Os jornalistas foram da consternação aos louvores ao antes príncipe, mas agora rei Charles.  Não confundir com Ray Charles, que já morreu e era músico, tinha mais história, mais charme e mais talento, enquanto o Charles rei é sem graça e sem simpatia, e seu único feito foi passar esses seus 72 anos coçando o saco, à espera do episódio de hoje para sentar no trono -- e continuar brincando com os testículos.
Aliás, esse negócio de órgãos genitais masculinos tá muito em moda no Brasil, desde ontem, quando aquela multidão louvou de forma exultante, fervorosa e religiosa o pênis do Bolsonaro.  Pois que usufruam e se regalem daquela coisa que o "imbrochável" já confessou ter na juventude introduzido numa galinha (num ato de doentia, extrema e revoltante perversidade) e que deve ser fétida como tudo o que ele tem dentro da caixa craniana.
Amanhã no entanto a vida deve continuar.  Ou não.  As questões e os luxos ligados à família real britânica podem  continuar sendo um apetitoso prato pra mídia continuar saboreando bem devagar ao longo desta e da próxima semana, por serem, na visão desse pessoal dos meios de comunicação, muito mais importantes do que a fome, a miséria, o desemprego, a violência, a falta de comida e de saúde e o excesso de tudo o que é ruim no Brasil dos dias de hoje.

quinta-feira, 1 de setembro de 2022

A CANTORA

A cantora

Cantava como se fosse um arcanjo,

E a sua voz de seda  revolvia os meus sentimentos mais fundos,

E fazia deslizar no meu rosto um fio de lágrima.

Vinham-me à flor da pele as emoções mais doces,

E eu me vi, de súbito, num transe sublime,

Adentrando um céu sereno e suave, levitando entre as  nuvens alvas da paz.


terça-feira, 30 de agosto de 2022

MEU LITORAL

 Tinha o lago, o quiosque e o bom vento,

As luzes da cidade nas águas,

Em multicores tão belas!


Tinha vários passantes, casais,

Um pulsar de alegria tão pleno,

Que a mim simplesmente enlevava.


A vida era alegre qual festa

E retumbava em minh'alma

Tal qual tamborins e atabaques.


Não quero mais noites tristes

Nem mais a cidade deserta

Bem qual cemitério gigante.


Não quero não mais ir à roça,

Quero pisar as areias 

E abrir os braços pro mar;


Mirar o azul furioso

Em sua dança fremente

E o lindo dos meus  litorais.


ORAÇÕES DESCABIDAS

 Do que te valeu integrar

O coro adoidado da igreja,

Berrando qual bode louco

E como se Deus fora surdo?


Do que te valeu ver histéricos

Estrebuchando no palco,

No chão se arrastando qual verme,

E dar tua mão ao pastor?


Do que te valeu ter orado

Com olhos fechados em súplicas,

Enquanto améns proferias,

Glorificando o pastor.


Todo jejum que fizeste

Só te fez fraco e prostrou,

E o voto importante era outro:

Jamais o de castidade.


O brado a soltar era um não,

Jamais profusão de aleluias.

Gritasses pra ter um trabalho

Com justo valor ao suor...

Gritasses ao reinos da terra,

Jamais ao Reino dos Céus.










segunda-feira, 22 de agosto de 2022

VIDA. SONHO E BUSCA

 Sonhei quando a noite era infinda

E o sol vislumbrei no horizonte.

Chorei quando a sedd era muita

E os dias jamais floresciam.

Tremi quando vi que o tempo

Passou como fora um cometa,

Deixando-me a estrada tão curta.

Corri quando veio o enfado,

Saindo em busca de vida 

Caminho por dias tímidos,

Buscando por sóis e por luzes,

Por cores, enlevo e canções.

sexta-feira, 12 de agosto de 2022

O CREPÚSCULO

 Vejo ofuscar-se o céu no horizonte,
No distante horizonte, horizonte tão próximo.
Acho que anseio que venha o crepúsculo
E que anoiteça de uma vez por inteiro.

O cansaço das gentes, dos fatos e coisas,
Da engrenagem perversa, das almas tão podres,
Da sordidez humana, da crueldade dos homens,
Das pessoas tornando horrendo o que é belo,
Fétido o perfumoso, rude  o que é lírico.

Que venha a noite profunda:
Meus olhos incrédulos contemplam o crepúsculo:
Vontade de sair-lhe ao encontro.
Minh'alma exausta em torpor e disforme,
Diluída num chão de cimento,
Sem lira, poema ou resquício de vida.
Minh'alma não quer alçar nenhum voo,
É cinzenta como o chão duro,  poroso
Onde se encontra imóvel, prostrada.
Que venha o crepúsculo, a noite profunda,
Nada mais, nada além, nada mais.


VIVENTE MORTO

O bar, a música, pessoas, gargalhadas.
Passa o homem tristonho, macambúzio,
Qual robô, por entre as mesas álacres.
Lassidão, a dor, fio de lágrima,
O vazio torturante do abandono
E a dor tão perfurante da traição.


Cambaleia o infeliz, embriagado,
Quer sentar como um mendigo na calçada
E chorar entre soluços, convulsões.


Ah, mas que desejo mais soturno
De tombar ali, sem cor nem vida,
Ou de ao menos cantar melancolias,
De correr, sumir, morar no nada.


Ai, o bar é claro e iluminado
E é contudo sombrio e tão escuro.
Tanta gente, conversas pelas mesas
E um deserto e quietude sepulcral.


Toca um samba tão bonito, tão sonoro,
E o silêncio é de à alma torturar.
A alegria toma conta do ambiente,
Mas não toca jamais aquele homem,
Cuja alma se encontra tão distante,
Num lugar onde a vida não tem vez.








A MEL E RAPOSA

 Que minhas mãos de afago puro
Sobre suas cabecinhas inocentes
Se façam a magia a guardá-las,
Protegê-las dos males do mundo.
Meu olhar de amor contenha o feitiço
De lhes dar todo, todo bem do universo.
Meu amor imenso seja o deus poderoso
A fazer que seus dias sejam sempre felizes,
Paraíso merecido por todo animal.

VIVER POR VIVER

 Missão alguma senão aquelas que me dei
Por amor, por entrega e os princípios que nutro.
Nenhuma entidade me sussurra ou dá rumo.
 A solidão, grande, obesa, inflada, gigante,
Expande-se e ocupa cada palmo da casa.
Que solidão -- me pergunto e replico
--Se as cadelinhas dividem cada espaço comigo?
A solidão, me respondo, do espírito árido e boca trancada
A fazer-se masmorra, calabouço do verbo
Pejado dos ódios, de dor, desprezo e descrença.
Não busco n'alguma mulher uma cúmplice,
Se a alma incrédula não quer mais confiar.


Nenhuma missão além das cachorras.
Às vezes desejo deixar-me morrer,
Assim como eu fosse criatura de areia,
E o vento me viesse desfazer, diluir.
Deixar as cadelas a um herdeiro bondoso?
Por que morrer, entretanto?
Por fastio, desengano, por tédio?
Morrer ou varar noites brancas na esbórnia,
Velho etilista, tardio notívago,
Veterano boêmio entre mesas de bar?


Se  dúvidas chegam, não busco por norte:
Qual homem tem luz pra saber seu caminho?
Pois nós, vis humanos, jamais somos sábios,
Ou então não teríamos deploráveis deslizes.


Sem ser aclarado, vou pisando somente
Os chãos dos meus dias, vivendo os momentos,
Sem buscar pão da vida ou sentido qualquer
Pra vagar pelo mundo, existir tão somente.



sábado, 16 de julho de 2022

A ILHA

 Existe uma ilha no Atlântico,

Onde o mar verde arrebenta

E só se desnuda quem quer:

Ali o nudismo é careta.


Na ilha ninguém tem par --

Só se o amor bater forte.

A deusa que ali se louva

É a deusa libertinagem.


Pra saciar Madalena

É necessário uma fila.

Lista de amantes do Saulo

É da grossura da Bíblia.


Não é uma regra andar louco,

Só quem deseja que pira.

Não há sistema ou trabalho:

Lá só se vive de brisa.


Se vem chegando a tristeza,

A poesia afugenta.

Todos bem sabem que a lira

Não necessita ser triste.


Ilha de pura paixão,

Da juventude à velhice;

Jorge José ama seis,

Ana Maria ama vinte.


Ninguém concorre ou compete,

Todos se irmanam profundo.

O ódio por lá não existe,

Só puro amor é o que impera.


Lá não se mata nem caça,

Comendo-se aquilo que a terra

Dá, faz brotar e ser fruto:

Martírio é pecado mortal.


Ilha formada do nada,

Vinda de um sonho tão claro

De um poetinha sem regras,

Com alma tão libertária...

quinta-feira, 14 de julho de 2022

O SAGRADO E O SATÂNICO

  Hipócrita é o ser humano,

Nocivo é o ser humano,

Pois sempre louvando o sagrado,

Mas sempre amando o satânico


Satânico é gerar a pobreza,

Satânico é encorpar a miséria,

Matar ou ferir a carne

Ou alma de seres viventes.


Que existe de mais sagrado

Que uma existência condigna?

Que existe de mais sagrado

Que o bem-viver dos teus filhos?


Que existe de mais sagrado

Do que o momento em que chegas

E que te aninhas no quarto,

Entregue de todo à paz?


Que existe de mais sagrado

Do que o momento em que paras

Pr'ouvir cantigas bonitas

E te emprenhar de emoções?


Que existe de mais sagrado

Que entrar na mulher tão querida,

Sentir vibrar o seu corpo

E um deleite descomunal?



Que existe de mais sagrado

Que o colo, a mãe e a criança,

Do que a ternura nos olhos,

Do que transbordar em paixão?


2022

Revisto e modificado em 11.02.2023





quarta-feira, 13 de julho de 2022

A MORTE DA POESIA IV


Não há não mais beleza matutina,

Não há não mais vontade de cantar,

Não há moça bonita debruçada na janela,

Não há não mais nostalgia nem saudade,

Não há passado porque o ontem nas memórias se apagou.


Não há  mais rosas nem jardins, nem jasmineiros,

Não há não mais lugar pra minha lira.

As maritacas viraram pássaros urbanos,

Os gaviões tiveram, então, destino igual,

E os micos hoje são caçados como ratos,

Sem "habitat" e sem abrigo ou belas matas.



Não há não mais o pio "agoureiro" da coruja

A inseminar na mente insana o que é funesto;

Nem há não mais ruas descalças de singela poesia;

Não há não mais lugar pra minha lira,

Se até em meu peito os anseios são de argila,

Se o mundo encheu-se de edifícios suntuosos

Pra cultivar poder, miséria e capital,

Se massacrar, sobreviver é que é o mister,

Se as emoções submergiram no asfalto tão brutal.


2022

Revisto e modificado em 11.02.2023







sexta-feira, 1 de julho de 2022

A MORTE DA POESIA III

 Não há mais dança de roda ou ciranda,

Não há mais bela moça a sonhar a varanda,

Nem mais há casais contando as estrelas,

Seresteiro nenhum cantando ao luar.



Não há mais poesia no mundo,

Não há mais poesia em meu mundo:

Meus anseios são todos de ferro,

Concreto, cascalho, pvc, pó de pedra.



O tempo foi duro, cimentou-me as quimeras,

Cobriu de azulejos meus campos de lira,

Tornou sons de draga as mais belas cantigas,

Secou a nascente da minha emoção.



quinta-feira, 23 de junho de 2022

PASTORCARD

 Cura de bicho-de-pé: R$ 109,90.  Oração pra sucesso na vida: R$ 2.999,90.  Trazer seu amor de volta:  6.999,90.  Saber que seu pastor pilantra nunca ficará preso: não tem preço.

Há coisas que o dinheiro não pode comprar.  Para todas as outras existe PASTORCARD.

PRECE LÍRICA N° 2

 Bendita seja a noite fresca

Que é serena como um monge,

Que, qual mãe de amor extremo,

Nos aninha em sua paz.


Bendita seja a tarde alegre

Enfeitada de pessoas

Passeando, tão profusas,

Pelos parques da cidade.


Abençoa, Deus, as línguas

Sequiosas que se enroscam

E a doçura dos amantes

Na conjugação carnal.


Que bendito seja o olhar

Que se emprenha de ternura,

Se desnuda de maldades

E se faz angelical.


Que bendito seja o verbo

Do poeta enamorado,

Salpicando nas estrelas

Sentimentos e emoções.


terça-feira, 14 de junho de 2022

POEMA SEM VERBO

Não, meu poema não é mais canto nem verbo:

Apenas se esconde, silente, num beco escuro da noite fria

E se encolhe e assim permanece, quieto 

E pranteia de um modo abundante, incessante,

Mas sem o menor dos soluços, sem poder ser ouvido.

Chora escondido e volta os olhos ao céus sem estrelas,

E nada busca senão a escuridão mais soturna...

A escuridão mais calada,

Como se nada se visse,

Como se nada se ouvisse,

Como se fosse o nada.

Meu poema é estátua enegrecida no deserto e esquecido jardim.


quinta-feira, 9 de junho de 2022

VAZIO

 

 Não há no silêncio não mais a cantiga

Que vinha na brisa, nas noites quietas.

Não há o burburinho que vinha tão doce

Dos meus sentimentos pulsando no peito.

É tudo cimento, asfalto e motores,

É tudo fastio, é cansaço e é tédio:

É tudo seguir sem saber o motivo,

É tudo vazio tal como os humanos.

É andar pela vida -- razão não se sabe --,

Andar e seguir, seguir, nada mais.


CRUA DESESPERANÇA

 O rosto de seda

Da moça bonita

Não tem poesia,

Nem sol, nem luar:

Não traz fantasia,

Não faz divagar.



O muro de pedras

Com marcas de musgo

É pedra, só muro:

Não traz a lembrança

Dos beijos e abraços

De antigos casais.



O samba não toca,

A gente não dança,

A luz não se acende,

A rua é deserta:

Não brinca no peito

A menor ilusão.



A praça deserta

Não tem meninada,

Casais se beijando,

Poeta ou cantor:

Nenhuma doçura

Se sente no ar.



Cadê o horizonte?

Que foi do arrebol?

Fdcharam-se as casas,

Janelas, portais:

Partiu a esperança, 

Só resta morrer.



  

domingo, 29 de maio de 2022

NÃO VENHA


Não, não venha, não chegue, não me surja,

Não me cante no peito qual viola ao arrebol,

Não se achegue com o samba, a rumba e a viveza,

A alegria luminosa que se estampa nos seus olhos:


Vou ficar calado e quieto em meu inverno, 

Meu incessante e perene odor de outono:

Eu não saberia, não, viver a sua primavera,

Muito menos tentaria cantar o seu verão.


sexta-feira, 27 de maio de 2022

VIVER PAIXÃO

 Sorver da lira do teu olhar adocicado,

Abrir a janela para um céu de pura poesia,

Mostrar estrelas onde sequer elas existam,

Deixar no peito cantar o sentimento mais suave e mais bonito.



Viver o enlevo dos rostos em resvalos

E das línguas agitadas numa sede enlouquecida,

Deixar entrar na alma uma música inaudita

Da lindeza dos momentos mais sagrados da paixão.



Tornar-me brisa, sol, braseiro, mansidão,

Nós dois, puros, maviosos, fogueados, sonhadores:

Ah, o encantamento a nos emanar de cada poro,

O amor, qual aura imensurável, luzindo em fachos vários,

Inumeráveis fachos da claridade das emoções.




VERSOS DE ESCURIDÃO


Hoje não há tarde e gente alegre nas calçadas,

Mas somente o último bêbado à última mesa

Do último bar da rua derradeira

E uma atmosfera de fim de tudo e despedida.



Hoje os pássaros se aquietaram nos seus ninhos,

E um vento fino resvala nos galhos dos arbustos, 

E um silêncio arrepiante se abateu sobre as paisagens,

E a noite veio, calada, muda, imóvel como fora sepulcral 



Hoje os sinos não repicaram nas igrejas,

Nem tampouco houve canto gregoriano ou ladainha;

Não havia fiéis em suplicantes orações,

E as praças eram desertas como vida não houvera.

Hoje é tudo adeus, final, deserto, silêncio e escuridão.

sexta-feira, 6 de maio de 2022

SE A POESIA VIER

Se um poema vier no vento 

E se traduzir na noite clara e estrelada

E nas luzes de artifício das praças e das ruas,

Que cantigas luminosas encherão teu peito ávido,

Que esperanças te virão à alma sempre atenta

A cada uma das nuances dos dias e da estrada em que caminhas?


Se a canção vier na noite,

Na penumbra, no silêncio

E entrar pela janela como o sonho mais bonito de se ter?


Se a lira alegre passear pelas calçadas,

Pelos bares, pelos becos e fachadas

E adentrar a tua sala e o teu quarto tão quieto,

Percorrer a casa inteira como a brisa em voo leve,

Que emoções retumbarão como atabaque e tamborins

Dentro do teu tão irrequieto coração?

PECADO CELESTIAL


O vinho, a música,

Corpos desnudos,

Noite, o luar.

Amai, ó Deus, os filhos vossos

Que se dão numa volúpia sem igual!



Os seios, nádegas,

O falo, a vulva,

Esse impudor.

Louvai, ó Deus, os vossos seres

Que se entregam num furor descomunal!



Os cheiros lúbricos

Por todo o quarto,

Juras febris.

Ó Deus, afaga os pecadores

A devorar-se num ardor transcendental!



São dois amantes

Tão fogueados,

Tão infiéis.

Notai, ó Deus, a poesia incandescente

Desse amor tão magnífico e carnal!



As línguas ávidas,

Cabelos longos

No travesseiro.

Louvai, ó Deus, toda luxúria

E abençoai esse pecado tão celestial!




quarta-feira, 4 de maio de 2022

AGORA F*DEU TUDO: A EUROPA NÃO VAI MOVER PALHA PARA EVITAR O GOLPE QUE SE AVIZINHA: DEIXEMOS TODA ESPERANÇA, NÓS QUE AQUI VIVEMOS

O general Paulo Sérgio, ministro da Defesa, garantiu ao ministro Luiz Fux, presidente do STF, que as forças armadas estão comprometidas com a democracia: agora tenho absoluta certeza que vai haver golpe.  Imagine até que Paulo Sérgio estivesse falando a verdade.  Se fosse o caso, Bolsonaro, que acena o tempo todo que não aceitará um resultado desfavorável das urnas, demitiria o comandante e daria início ao regime de exceção com outro comandante militar.

Por outro lado, se a única esperança que tínhamos de o resquício de democracia existente no Brasil ser preservado era o monitoramento das eleições por representantes dos países europeus, estes países  agora já anunciaram, por zelo diplomático  -- já que o Itamaraty se posicionou veementemente   contra a observação de tais nações -- que não vão dar a mínima ao processo eleitoral deste ano de 2022.  Ou seja, as coisas vão rolar frouxamente, e a União Europeia vai assistir comendo pipoca as tragédias que irão se dar por aqui.  Os países da OTAN me impressionam pelo seu senso de diplomacia, porque vão deixar as coisas acontecerem no Brasil por respeito à nossa soberania, ou melhor, soberania do Jair Bolsonaro e seus asseclas, e, vale lembrar, a mesma Europa que repudia veemente as atrocidades e covardias da invasão de Putin à  Ucrânia... essa mesma Europa associou-se a George W. Bush na igualmente deplorável, atroz e covarde invasão ao Iraque, quando o então presidente dos E.U.A. inventou que o país do Golfo Pérsico desenvolvia armas químicas e biológicas e que fazia-se mister atacá-lo com o nobre intento de preservar a integridade física o bem-estar da humanidade -- quando na verdade tinha por intento apossar-se dos poços de petróleo iraquianos.   Como então o Bloco Europeu, tão cheio de ambiguidades e interesses escusos, iria se preocupar  com o que ocorre aqui nestas terras longínquas e que não fere nenhum de seus interesses?  

Se alguém disser que Alemanha e França, por exemplo, estão preocupadas com a devastação sem precedentes do meio-ambiente em nossa terra, é porque não entendeu que seus discursos ecológicos e preservacionistas são pura hipocrisia.   A União Europeia só se traveste de defensora ambiental pra sair bonita na foto.  Para os países do grupo, que o último yanomami seja incendiado vivo e que destruam o último pé de planta nas florestas do Brasil, porque o que eles querem mesmo é continuar  obtendo nossos produtos agrícolas, nossas "commodities" por preços rasantes, e isso os donos de agronegócio cá nestas bandas têm-lhes proporcionado -- o que faz que percebamos o encontro harmônico dos interesses dos latifundiários daqui com os dos empresários e governantes europeus e americanos.

Para que se entenda melhor, Bolsonaro vai dar golpe não porque tem pra isso o apoio dos militares, mas dos agricultores e dos megaempresários -- e todos estão em perfeita consonância com as demandas comerciais dos países da Europa:  a manutenção de tudo exatamente como está: preços baixos, abundância de produtos, ainda que com a incineração de todas as nossas matas e à custa da fome de nossa população, que passa  não pode consumir o que para os europeus é muito barato e para nós é vendido a peso de ouro.  

Aí a gente entende porque Bolsonaro fez tudo o que não podia e não caiu, da mesma forma como não cairá nunca:  o golpe é uma demanda das nossas elites e da União Europeia, Bolsonaro é só o instrumento.

terça-feira, 3 de maio de 2022

POEMA PARA CÁSSIA ELLER



Tão bela num estereótipo que [buscava o masculino, 

Mas que deixava transparecer a [poesia só flagrante nas mulheres.

Que inspiração divina te fez tão [cheia d'alma e tão diversa

Como se Deus te houvera feito de [tudo quanto existe no universo?



Ficam na gente saudades do teu [canto sublime e irreverente

E das loucuras com que marcaste [cada palco que pisaste.

Deus, se existira, te diria numa [ternura paternal e acolhedora:

"Vem, fica comigo, menina doce, [irreverente e tão intensa:

Tua presença faz o Céu mais [bonito, colorido e mais feliz."



segunda-feira, 11 de abril de 2022

O DIA DO TÉDIO

Deixe quietas as clarinetas, [violinos e oboés!

Nem olhe breve o pandeiro, a cuíca e o tamborim!

Largue a guitarra, o teclado e a [bateria!

Hoje não tem samba, não tem [rock nem orquestra,

Mas somente o tédio tomando [conta da cidade

E pintando as ruas do cinzento [da insipidez dos transeuntes.

SEGUIR

Que venham os clamores da [minha alma irrequieta

E se diluam nas notas mortas do [coração entristecido

E o quase inaudível canto da [esperança tão raquítica;

Que o sol de mim se mostre [pálido e quase ausente

E as cores minhas sejam [simplesmente desbotadas,

Que fale em brados minha [descrença petrificada...

Mas irei seguir o meu caminho [acinzentado

Sem a melancolia que outrora [enchia a alma de lassidão.



sábado, 2 de abril de 2022

SOFIA

 Sempre irei amar Sofia,

que pensei que estava em Sara,

que jurei que achara em Mara,

que ausentou-se de Nancy.


Tinha o rosto de veludo

um semblante quase triste,

tinhas as mãos macias, pálidas,

o olhar cheio de querer.


Passeava nos regatos

e se dava sobre a relva,

levitava como fada,

no lirismo de nós dois.


Quando a tinha nos meus braços,

era Tânia que se dava,

era Selma que gozava,

era Nara que gemia.


Mas Sofia, se existisse,

me diria docemente:

"Vem, meu velho, deita e dorme,

vê se para de sonhar.


quarta-feira, 16 de março de 2022

OSTRA

 Sou tão bela e me comprazo de me ver

No espelho e de sorrir como menina,

E, às vezes, sob as águas do chuveiro,

Fico a tocar meu corpo como um médico

E me deleito da tumidez das minhas formas.


Há dias em que toco-me qual fora

Afrodite entre volúpias com Apolo.

Estive em camas em que ardi, plena de frêmitos,

Senti prazeres que não sei nem descrever.


Mas, dos braços que com gana me apertaram,

Foram raros os braços de ternura:

Quase sempre fui fêmea, não mulher.


A solidão é como medo em noite escura,

Mas aos homens que me querem fecho os olhos.

Sem que pense no adiante em minha estrada,

Agora tranco-me como sigilo absoluto,

Como segredo que é sacrilégio revelar.


Se uns olhos ternos adentrarem os meus olhos,

Se braços fortes me apertarem, afetuosos,

Eu me darei tal como flor se entrega ao vento,

Mas ora fecho-me como animal quando se entoca

E me recluo num casulo qual crisálida,

Tal como ostra na concha a se encerrar.


A CHEGADA DO CABO ANSELMO AO INFERNO

Tão logo chegou ao Inferno, o cabo Anselmo foi recebido por Brilhante Ustra, que abraçou-o calorosamente enquanto ao pé do ouvido confidenciou-lhe que Satanás é o diabo em pessoa, que aquele lugar é um inferno,   que odiava Satan mortalmente.   Em menos de meia hora o anjo das trevas ficou sabendo de tudo:  Anselmo entregou Ustra. 

terça-feira, 4 de janeiro de 2022

VIDA QUE QUERO

 Não quero o medo, o tédio e essa tristeza

Desta rua tão sem-vida que eu habito;

Quero a noite clara, dançarina e colorida,

A feliz perplexidade do amante apaixonado

Ante o súbito e sentido eu-te-amo inesperado.


Quero amar com um brilho no olhar indisfarçável

E nos olhos da amada notar a mesma luz,

Na comunhão de sentimentos dos amantes romanescos.


Quero a paz das águas calmas em marolas

E a alegria de crianças brincando nos quintais,

E a poesia de uma canção que envolva a noite

E que comova os jovens, velhos, lúcidos, ,insanos e os casais.

ALMA CARIOCA (ODE ÀS PRAIAS)

Quando novamente eu vir o mar, 
Minha alma dançará como um passista,
Brincará, feliz como um moleque,
Cantará, intensa e ardente qual Bethânia,
Rebentará numa emoção sem ter igual.

Quero ver vibrar Copacabana
E o sol pintar a areia de dourado,
Rebrilhar nas águas verdes, cintilante;
Contemplar o céu a se deitar nas águas,
Quando os olhos se voltarem pro horizonte.


Quero a viveza das pessoas caminhando
Pelas ruas, num poema iluminado;
Ver mulheres convertidas em sereias,
Bronzeando ao calor suas lindezas.


Quero os bares numa alegria esfuziante
E o desfile das prostitutas nas calçadas.
Abençoai, meu Deus, as prostitutas,
Lutadoras sem respeito, sem direitos, sem ternura!


Deixei longe, por demais distante o Rio,
Vim pra Minas e jurei não ter saudades,
Coração, porém, pulsou tão incessante
Pela terra tão festiva onde nasci.


Quando novamente eu vir o mar,
Minha alma se dará tão plenamente,
Pois, bem sei agora, cheira a praia,
Cheira a Copa, Cabo Frio, a Saquarema,
Aos quiosques alegres e praianos
E aos subúrbios sem praia onde vivi.