Como fico impressionado quando vejo um classe-média ou pobre defender Bolsonaro! Nem vou-me referir a todas as barbaridades que ele disse e fez, mas somente ao fato de o inominável ter governado exclusivamente para os ricos, em grave prejuízo de todos aqueles não inseridos no rol das elites: esmigalhou os salários dos trabalhadores, pretendia reduzir drasticamente o valor do benefício decorrente da LOAS (Lei Orgânica da Assistência Social), salário mínimo pago a idosos, deficientes e incapazes que não contribuíram ou contribuíram menos do que o determinado por lei para a Previdência Social e que não têm condições de trabalhar; além disso queria diminuir a importância paga a alguns aposentados, sem contar que tinha planos de mudar o cálculo de reajuste de outras aposentadorias e do salário mínimo de modo que esses direitos fossem sempre revistos abaixo dos índices de inflação.
Por que essas pessoas amam tão ardorosamente os ricos e o ex-presidente, que é total e absolutamente desprovido de virtudes? Por que esse amor tão extremoso de tantos pobres e economicamente medianos pelos ricos? Seria fruto daqueles contos de fadas que na infância líamos ou ouvíamos, em que todo herói ou heroína nascia rico ou depois da pobreza enriquecia no final da história, e de reis muito bondosos, justos e heroicos, que zelavam por seus súditos como mães exemplares?
Por que quase metade da população brasileira é fascista, quando só os milionários ficam a salvo dos inumeráveis malefícios da extrema-direita, até beneficiando-se (e muito) de todas as crueldades do regime? Por que tantos participantes e não-participantes dos atos terroristas do Oito de Janeiro (que não deve nunca, jamais ser esquecido) queriam tanto o sucesso de um golpe articulado, apoiado e financiado pelas pelas mais altas classes sociais, até hoje defendendo a insurreição dos ricos contra o resultado das urnas, que conduziu Lula ao invés de Bolsonaro à Presidência da República?
Há muito desisti de encontrar explicações para o fenômeno, mas sugiro que nós, democratas, em momento algum nos desviemos, e lembremos sempre que, a despeito de nem todos os terroristas serem abastados (mas patrocinados por abastados), o 8 de Janeiro de 2023 deve ser sempre lembrado como o dia da Insurreição dos Ricos, para que um espetáculo tão bizarro, devastador, injusto, sórdido e odiento como aquele nunca mais se repita na história do Brasil.
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