As gentes sedentas de dias melhores
Adoram seus deuses, criam salvadores,
Lhes tendo a fé cega dos desesperados.
Vai o faroleiro contando mentiras
Com a veemência dos injustiçados,
Perdendo a noção de fato e invenção.
O pobre, tentando a grande das sortes,
Sonhando com luxo, fartura e conforto,
Abranda a amargura, suporta a probreza.
O amargo poeta, adornando seu drama
Com seus céus azuis, suas verdes relvas,
O faz tão suave, que chega a amá-lo.
Não fosse a miragem diante dos olhos
do andante sedento no seco deserto,
Que mais poderia fazê-lo seguir?
1981
Lhes tendo a fé cega dos desesperados.
Vai o faroleiro contando mentiras
Com a veemência dos injustiçados,
Perdendo a noção de fato e invenção.
O pobre, tentando a grande das sortes,
Sonhando com luxo, fartura e conforto,
Abranda a amargura, suporta a probreza.
O amargo poeta, adornando seu drama
Com seus céus azuis, suas verdes relvas,
O faz tão suave, que chega a amá-lo.
Não fosse a miragem diante dos olhos
do andante sedento no seco deserto,
Que mais poderia fazê-lo seguir?
1981
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