Mais vale rever uma boa obra pela milésima vez do que ver pela primeira um esterco cultural do tamanho daqueles a que a gente assiste nos dias de hoje,quando tanto rareiam as boas produções cinematográficas. E um desses filmes que você vê mil vezes sem cansar é a obra-prima que a Paramound produziu em 1972 , com direção de Francis Ford Copolla e que ainda hoje me embevece, por ser algo de maior que a Terra já viu: "The Godfather", baseado na obra de Mário Puzzo, intitulada no Brasil "O PODEROSO CHEFÃO".
Fazendo foco sobre o jogo maquiavélico de poder entre os chefões do crime organizado, a máfia, nos idos dos anos quarenta nos Estados Unidos, relata o envolvimento de autoridades públicas corruptíveis com a organização, fenômeno que a gente brasileira mal entendia nas duas últimas décadas e que só percebe após o florescimento dos grupos marginais das drogas - que arrebanharam inúmeras pessoas de cargo público de importância -, mas que já era comentado pelo chefão Don Corleone (Marlon Brando), que tinha resplado de venais ministros, juízes, senadores... e o auxílio do consigliere Tom Hagen ( Robert Duvall), que avaliava o tráfico de drogas, na história que retratava o ano de 1946, como o "negócio do futuro". Como se pode ver, a profecia relata com perfeição a segurança de sucesso dos que investiram no "negócio" naquela época, e todo o contexto ligado a esta questão faz o filme atualíssimo. E não só aí está o mérito da produção: há vários fatores que devem ser considerados, como o elenco de peso e o realismo impressionante das cenas e diálogos, as articulações e ardis engendrados pelos criminosos e as cenas e momentos que ficaram antológicos pelo poder de fazer o espectador perplexo e quedado.
O mais curioso de tudo é que, segundo conta o próprio Copolla, os produtores, capitalistas burocratas sem nenhuma noção de cinema, opuseram-se inicialmente à contratação de Al Pacino, que interpretou Michael Corleone com maestria, e ainda mantiveram o diretor constantemente sob a iminência de demissão, isto por acharem que o filme seria um fracasso de bilheteria.
Quanto aos outros dois filmes da trilogia, acho que não é preciso fazer grandes comentários, pois se incumbiram de dar continuidade ao que já era magnífico, sendo-o igualmente.
2011
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