Mesa de botequim, tu és muito mais ampla
Do que as dimensões em que te veem nossos olhos,
Porque comportas alegrias, ideais, tristezas
E as mais baratas e as mais fundas filosofias.
Mesa de botequim, tu és infinita.
Acolhes a dor mais profunda,
O desespero mais latejante
E a inquietude cansada dos vencidos,
Sendo a confidente dessas coisas todas
Que o peito da gente bem sabe sufocar.
Suportas, impassível, compreensiva,
O murro inflamado inflamado de veemência
Dos mais ardorosos convictos
E ainda vês as imagens dos devaneios
Dos que alimentam seus ideais.
És inteirada, bem-informada,
Sabes da política, do futebol,
Da fome, da história, da violência...
Sabes de tudo, de todos, dos meros boatos,
De todas as coisas em todas versões.
És ainda lasciva como a proposta
O o acerto feito com a mulher impudica
que sobre ti, seios à mostra, se debruça.
Mesa de botequim, és filosófica,
És culta, política, idealista,
És humana com mil sentimentos:
Mesa de botequim, tu és o mundo.
1980
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