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sexta-feira, 5 de junho de 2020

NÃO ME FUJAS


Se eu te vir continuar a fugir-me como fazes,
te despirei com meus poemas, como um macho enlouquecido
a te rasgar as roupas íntimas e amarras do desejo.

Te beijarei num doce verbo de luxúria
como se fosse o enamorado mais romântico
a te fazer juras de amor sob o luar.

Decifrarei teus sentimentos em meus cantos,
como se olhasse nos teus olhos e enxergasse
A tua alma tão despida para mim,

Te deixarei corada ao perceber na tua fala
as tuas mais ocultas  e quentes sensações

E então farei que me confesses toda a confusão
e todo sentimento que te toca o peito frágil,
tão carente dos afetos enlevantes, inefáveis
de que todo ser vivente necessita qual dos órgãos mais vitais,

E induzirei a que tu fales como se cantasses
as palavras mais bonitas dos amores tão infindos,
tão imensos como arroubos que atravessam anos, vidas,
os milênios, os percalços, as idades, os astrais, as gerações.

2013

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