sábado, 26 de junho de 2021

A CANDIDATURA DE CENTRO


Quando tomei conhecimento de que os conservadores estão procurando uma alternativa a Lula e Bolsonaro, ou seja, uma terceira via de centro... Pois é, quando soube que buscam alguém de centro, pensei logo nos vários babalorixás, médiuns, cabeceiras  e cambonos que há no Brasil.  Seriam eles nossa solução? -- fiquei considerando com meus botões.   Porém depois entendi que a questão não tem nenhuma relação com as religiões vindas do Continente Africano:  eles procuram alguém que, segundo sua versão, não seria nem de esquerda, nem de direita, nem conservador, nem progressista.  Ah, tá... Não entendi nada!  Você já viu alguém, quanto às desigualdades sociais, não ser a favor nem contra, muito pelo contrário?  Não deu pra compreender, não foi?  Também eu próprio fiquei com o microcérebro todo emaranhado.     Pelo que vi, é alguém que não seja nem sim, nem não.  Agora ficou mais claro?  Não tem problema: a cada minuto, por minha vez, assimilo menos o que tô repetindo feito papagaio:  as asneiras que a mídia e os políticos de direita , os conservadores, os reacionários andam propalando pelos quatro cantos do País.  

O problema é que predomina a hipocrisia, e a direitaça inventou uma expressão aparentemente menos desumana pra empurrar goela abaixo do eleitorado seus candidatos direitistas e avessos ao desenvolvimento social, aos trabalhadores, às classes menos favorecidas, que por esses perversos senhores são vistos como escravos, meras  peças de trabalho.   Políticos inseridos nesse grupo uniram-se e formaram uma frente no Congresso chamado "Centrão", que se deveria, na verdade, chamar "Oportunistão", força política que a nada visa além dos interesses pessoais.   

Quando entendi que não seria o citado candidato nenhum candomblecista, umbandista ou kimbandista praticante, mas um político profissional, desenvolto, esperto, desses que dão nó em pingo d'água, passei a imaginar qual seria o nome escolhido.  Seria o Rodrigo Maia???  Não, esse não cola.  Se, adversário radical do Bolsonaro, não pautou os mais de cinquenta pedidos de "impeachment" que recebeu (muito embora Arthur Lira já tenha quebrado seu recorde), imagine se fosse aliado do inominável. Mais: se Rodrigo Maia é de centro, eu sou o "Che" Guevara.   

Candidato de centro... Isso é uma das grandes picaretagens políticas que já inventaram, e a grande malandragem  das elites  reacionárias é que terão duas opções:  Bolsonaro e o tal "centrista".  Ou você acha que essa gente não tá contente com o atual presidente?   Pois saiba que os banqueiros, agricultores, pecuaristas e megaempresários estão felicíssimos com o mandatário, pois os banqueiros ficam, por conta da política econômica do Paulo Guedes, a cada dia mais ricos, e os agronegociantes, voltando sua produção pra exportação, recebendo por ela uma fábula em dólares, ainda se dão ao luxo de cobrarem os tubos pelo resquício de produtos alimentícios que ficam aqui pelo País. Ou seja, estão rindo de orelha a orelha com os lucros que vêm obtendo com a pandemia e  pouco se lixam com os que morreram ou ainda vão morrer.  Essa gente é igual ao Bolsonaro: não tem empatia.  e, se estivesse insatisfeita com presidente, há muito que este já teria sido despejado do Alvorada.

É justamente para não correr o risco de ver vencer algum candidato progressista que compõe com a direita e a extrema-direita ao mesmo tempo.  Não pense que isso significa que as forças de direita concorrerão divididas: elas apostam em dois corredores e, ainda antes do final do primeiro turno,  irão abandonar o que tiver menor projeção eleitoral, pra investir ultrapesadamente no de melhor desemprenho, após os dois haverem arranhado e espancado, e danificado bastante a candidatura afeita às causas sociais que aos ricos se contrapuser.

Bolsonaro pra eles não é intragável, porque defende com gana, unhas e dentes os interesses econômicos dessas castas, que desde os primórdios  da história do Brasil  não têm o menor pudor em defender Belzebu ou Satanás, e agora vêm, através da mídia e de outros espaços políticos, anunciar, a pretexto de combater os radicalismos, a busca por uma terceira via moderada e equilibrada, quando na realidade procura desmontar o cenário eleitoral que hoje se desenha, em que Lula pode agrupar em torno de si os progressistas e tornar-se peça fundamental na retirada da "coisa" do Palácio do Planalto.  É mais uma conspiração de grupos privilegiados que ainda creem em comunismo e veem o fantasma de Karl Marx até no fundo do copo do uísque caro  que tomam.