quinta-feira, 23 de maio de 2019


Tenho visto aposentados com discurso favorável à reforma da previdência: a miséria humana sempre me assombrou.

domingo, 19 de maio de 2019

Não vou dizer que Bolsonaro atrasou a mentalidade nacional em 50 anos porque brasileiro 
nunca deixou de pensar como há 80 anos; daí terem-no conduzido à Presidência. Nossos compatriotas nunca deixaram de ser racistas, antiecológicos, homofóbicos, antidemocráticos, falsos moralistas, reacionários e odientos; só tinham antes vergonha de confessar.

sexta-feira, 17 de maio de 2019

A NOITE EM DUAS FACES

Vejo a noite da janela,
as mulheres caminhando
com seus trajes sedutores.

Eu, já velho, avisto a noite
como à lua tão distante.

Mas eu velho, mas que velho?
Que velhice que me assola?
Tenho pulsos, tenho anseios,
mas idade, não, jamais.

Quero a noite e seus pecados,
nessa noite me atirar.
Porém, sei que a noite é puta,
não a puta que eu respeito, 
por querer ganhar seu pão.

Não, a noite é meliante,
é rameira perigosa,
é sereia e é valquíria,
é uma ninfa tão mortal...

Mas que importa, se ela é ninfa?
Pois com ninfas já vivi.
E livrei-me todavia
do feitiço inebriante
com que as pérfidas satânicas
me enlaçaram nos seus braços.

Mas também a noite pode
ser doçura comovida,
se alguns olhos nos seus entram,
traduzindo acordes brandos
e o vulcão do coração.

Da janela fito a noite,
que é feroz e que é serena,
meretriz afeita ao crime,
que é uma amante apaixonada.

Ai, a noite e suas faces,
qual moeda para apostas.
Ganho ou perco nesse jogo?
Mas que noite a que me espera?

quarta-feira, 15 de maio de 2019

PAULO GUEDES, O "SUPERGÊNIO"

Quando Bolsonaro ainda estava em campanha, Paulo Guedes, entrevistado, enumerou uma série de coisas que Delfim Neto, Roberto Campos e outros economistas que geriram as finanças do País teriam errado por deixar de fazer.  O nosso atual ministro da Economia sabe de tudo, é o dono da verdade, o descobridor da pólvora, da roda e da pedra filosofal;  tem consigo a chave da felicidade e do sucesso.  Não é à toa que é tão aplaudido pelos banqueiros, megaempresários, políticos de extrema direita, donos de previdência privada (estes já babando e se mastrurbando pela iminência de aprovação da reforma previdenciária).  Cabral devê-lo-ia ter trazido em sua vasta e numerosa esquadra, pois o Brasil tem mazelas e mazelas desde quando os intrépidos navegadores lusitanos  cá colocaram os pés.
Roberto Campos, Delfim Neto e todos os outros gestores da economia nacional não fizeram mais do que o arrogante ministro vem fazendo e tentando: concentrar renda nas mãos dos ricos, empobrecer a classe média e miserabilizar os pobres.   Segue tão somente a maldita bula elaborada pelos grandes grupos e conglomerados financeiros do Brasil e do estrangeiro. Nada de novo há nas suas ideias perversas.  É, como todos os antecessores, um mero fiel seguidor do velho e óbvio script preparado pelo crudelíssimo poder econômico mundial..

sexta-feira, 10 de maio de 2019

POR QUE GOSTAMOS DOS ASSASSINOS DO CINEMA AMERICANO?



Por que os assassinos frios do cinema americano nos fascinam tanto?  
São facínoras com todas as letras, personagens capazes de matar ou mandar fazê-lo com a serenidade e tranquilidade de quem acende um isqueiro ou penteia os cabelos.   São frios, insensíveis, demoníacos, impiedosos, intrépidos, seguros, pragmáticos, racionais e determinados.  Por alguns desses atributos (ou todos)gostamos deles?
Um personagem como Hannibal Lecter, interpretado por Antony Hopkins em roteiro de David Mamet, Martha de Laurent e Thomas Harris, sob direção de Ridley Scott... um homem como o psiquiatra louco, ignóbil, canibal  vivido pelo veterano ator seria, na vida real,  de provocar repulsa, ódio, abominação, aversão, pavor.   Entretanto, por estar nos limites da ficção e ser dotado de grande talento, inteligência, ilustração e um refinamento britânico (o que é o caso do ator, nascido no País de Gales), conta com a nossa admiração e simpatia, nossa torcida por sucesso no embate  com seus inimigos.
O mesmo se dá com relação a Raymond Reddington, vivido por  James   Spader em "Lista Negra", roteiro de John Eisendrad e Jon Bokenkamp, direção diversificada conforme as temporadas.  Reddington é muito parecido com  Hannibal, igualmente brilhante embora não ligado às ciências, mas capaz de suplantar o médico em sarcasmo, além de ser expert em manobras políticas e criminosas.  Se há algum plágio, não caberá a mim verificar: gosto igualmente de ambos, sou fã de carteirinha do seriado, dos dois roteiros e dos dois assassinos, como dos dois atores, é claro.
Na vida cotidiana eu me mudaria da cidade onde pisasse Raymond, por me sentir ameçado e injuriado com a presença de matador tão frio.  Mas a ironia do criminoso  e a sua situação ficcional fazem-no a mim extremamente simpático e bom de ver em ação.
O terceiro assassino a que faço alusão é extremamente antigo: Michael Corleone, encarnado por Al Pacino na trilogia "O Poderoso Chefão"( 1972, 1974 e 1990), baseada na obra de Mario Puzzo e dirigida por Francis Ford Copolla.  Michael é, como os outros, igualmente frio, também brilhante nas articulações, mas de uma natureza austera, sucinto, instrospectivo, expressão fria e firme nas decisões.  Avaro nas palavras, às vezes ordena a morte com um leve gesto de cabeça ou um simples olhar. 
Se todos são criminosos, assassinos frios e sanguinários, por que gostamos deles?  Por estarem confinados na ficção e termos um instinto assassino latente que por intermédio deles exercemos de forma simbólica? Por sua inteligência e competência, seu sucesso e sua firmeza e coragem?  Ou por de algum modo virem acudir o nosso senso de justiça, já que, embora criminosos de causas longe de serem nobres,  sempre eliminam outros meliantes ainda menos desprovidos de caráter do que eles? Ou por tudo isso ao mesmo tempo?
Reddington ainda tem uma ética que, embora inabitual, é existente e consonante com os padrões mais comuns, e mata às vezes em defesa dessa ética. Enquanto os outros não têm compromisso com moral nenhuma. Mas no frigir dos ovos são todos  sociopatas: por que então os perdoamos?   Se eu visse alguém ser assassinado, levaria meses frquentando os consultórios psiquiátricos e os divãs, mas por que, como muitos outros espectadores, gosto de vê-los fazer justiça com as próprias mãos?   Abomino a violência, não tenho vísceras pra presenciá-la e, porém, gosto quando esses personagens infligem castigos aos seus desafetos.
Em conclusão, acho que os colocamos no mesmo altar dos policiais e heróis americanos, idolatramos mocinhos e bandidos que fazem justiça na ficção porque muito raramente a presenciamos na realidade.

BREVE MANIFESTAÇÃO DE UM MALDITO


Alguns dias atrás, fiz algumas declarações que pareceram antipáticas a algumas participantes do Facebook, e estas passaram o dia inteiro me desferindo ataques. Claro que foram todas devidamente bloqueadas. Dentre elas a que mais me chamou a atenção foi uma que disse que a partir dali seria difícil alguém me ler. Ué? Mas nunca fui lido mesmo, principalmente no Facebook. Não sei se elas sabiam, mas sempre vivi do meu trabalho e, hoje, da minha aposentadoria: escrevo por hábito e por gosto e, ao invés de ganhar, só fiz gastar dinheiro com impressoras, tintas, luz, xerocópias, pagamento de registro e vai por aí adiante. Tanto gastei, que resolvi fechar a mão e nada mais imprimir. Nos últimos cinco anos, acumulei mais de cento e cinquenta poemas em versos e alguns textos em prosa que ainda não cuidei de registrar... por preguiça mesmo -- já que o gasto não é alto. 

Nunca editei um livro e não vou jamais editar. Sou extremamente vaidoso, mas não vou gastar tanto com a vaidade de ter um livro impresso. Publicar sem ter verba para divulgar é altamente infrutífero. Meus escritos vão sempre pros blogues, ficarão eternamente nos blogues, e as citadas senhoras deveriam estar cientes de que encontro em minha vida três ou quatro prazeres maiores do que o de escrever: a questão é que o hábito vem dos meus quatorze anos, quando elaborei meu primeiro texto, daí não conseguir parar a atividade.

quarta-feira, 8 de maio de 2019

O ESFRANGALHAMENTO DO PENSAMENTO NO BRASIL

Quando tomei conhecimento da decisão do governo de extinguir do ensino público as faculdades de Filosofa e Sociologia, sob o argumento de que "a educação deve servir para ensinar leitura, escrita e a fazer conta e depois um ofício que gere renda para a pessoa"... Quando fiquei ciente da resolução, entendi que o nosso capitão e  "professor de História", que descobriu em  Hitler um ferrenho marxista-leninista, do alto do seu pragmatismo inefável, acha que de nada vale o conhecimento.  O importante é ter uma profissão de nível médio ou básico.  O Brasil, de acordo com os desígnios do "mestre", dever-se-ia tornar um país operário... Xi!! Abafa!! País operário não é uma uma expressão que poderia soar como comunista?Eta! Palavrão aqui, não!  
Sua Excelência, na sua infinita sabedoria, sabe perfeitamente o que é bom para o País e para as classes trabalhadoras.  Até porque os trabalhadores o amam... ou então não tê-lo-iam ajudado a vencer as eleições com cinquenta e sete milhões de votos.  O que me preocupa, no entanto, é que num dado momento nosso socrático mandatário reflita e entenda que carreiras como Direito, Letras, História devam todas ir pro fundo do penico, junto com o pensamento e as ciências sociais. Nesse contexto, não é necessário ser brilhante pra entender que as artes devem ser abolidas de todos os currículos.  Afinal, para que servem  a música, a poesia, o romance, o conto, o cinema, a pintura, a escultura, se nada disso se converte em produto industrializado que possa ser consumido pelo deus mercado?  O mercado é tudo, o lucro está acima de todas as coisas, e o Brasil precisa unicamente de industriários e outros geradores de fortunas para as classes abastadas, essas, sim, merecedoras do conhecimento, do qual há muito já detêm o oligopólio, e que terão então mais facilidade para manipular as massas produtivas. Além do mais, se o povo quer entretenimento, que assista a uma boa parada militar diariamente e estará extasiado de tão feliz. 
É a desintegração e a cremação do pensamento, do conhecimento e da cultura  nacional.   Parabéns, Brasil!


https://www.revistaforum.com.br/bolsonaro-decreta-fim-das-faculdades-de-filosofia-e-sociologia-objetivo-e-focar-em-areas-que-gerem-retorno-imediato/