segunda-feira, 20 de junho de 2016

MELANCOLIA II

Não ruminar a dor e tirar os olhos de dentro da escuridão da alma.
Debruçar-se à janela e voltar os olhos para a vida lá fora,
Atirar-se na vida que existe lá fora...
Atirar-se na vida que existe lá fora...
Mas como, se não há vida lá fora,
Como não há vida nas ruas, na cidade, no país,
E o mundo se tornou um deserto imensurável,
E as assombrações vagueiam tristemente por todo lugar,
Num silêncio tão noturno e tumular?
Como, se a noite que cobre o peito magoado
Se expandiu no universo por inteiro,
E o dia parece que não mais se acenderá?

Como, se os ventos lamentosos percorrem os desertos incontáveis,
E não há voz nem som de um instrumento
Que traga à quietude alguma poesia?

Como, se a morte se apossou da alma,
Se a alma se apagou de sombras,
E as assombrações, assustadoras,
Vagueiam, senhoras da tristeza e do medo,
No seu macambúzio semblante de morte?

2012

domingo, 5 de junho de 2016

NÃO HÁ ESTADO DE DIREITO NO BRASIL

Uma autoridade colocou uma funcionária pública à disposição do órgão onde ambos trabalham, determinando que fosse verificada se o estatuto funcional previa punição para o ato que praticara.  O ato? Ofensa de forma genérica numa página de rede social à classe a que pertence a autoridade que a puniu.
Ações julgadas e transitadas em julgado são rejulgadas no mérito anos depois, banindo de vez do país a chamada segurança jurídica.
Minhas postagens no Google+ somem sistematicamente.  Um detalhe: todas criticavam Temer e seus (in)fiéis escudeiros.  Talvez por obra de algum fofoqueiro barato e desocupado muito afeito a isso que chamam de nova ordem política.  Mas não deixa de ser uma grave censura, um atentado à liberdade de expressão.
Nunca acreditei em Estado democrático de direito aqui nesta república, mas hoje ele está ainda mais ausente e raquítico do que no tempo do famigerado luopetismo.  Se o governo do PT já cerceava muitas liberdades, se Dilma dava sinais muito cristalinos de que pretendia governar despoticamente, a era Temer me parece igualmente pavorosa.
Não há porões, não há torturas (pelo menos ao que eu saiba), mas há uma ditadura em curso. Mas vivemos vigiados, tolhidos, espreitados. Se Temer não é centralizador, pior ainda:  o totalitarismo é praticado por muitos personagens.  
É a volta dos tempos de autoritarismo e obscurantismo vividos na ditadura militar. 

Barão da Mata