sexta-feira, 24 de novembro de 2023

O BRASIL E COMO SERÁ O FIM DO MUNDO

 Xi Jinping, em reunião com Joe Biden, disse que "o planeta Terra é grande o suficiente para os EUA e China".  Independentemente de lermos na frase uma conotação imperialista, do tipo "vocês ficam donos do Ocidente e nós continuamos proprietários do Oriente",  o mais importante é que a declaração fez suspirar de alívio o mundo inteiro, já que o presidente chinês passou a impressão de não ter pretensões belicistas contra os americanos.  Essa tranquilidade, contudo, pode até ser relativa, já que  os ianques não conseguem de modo algum domar a Rússia e a Coreia do Norte, igualmente armadas até os dentes.

Assisto a tudo isso com uma impassibilidade de estátua, porque, além de não torcer por nenhum desses times (nem contra tampouco), sempre achei que nunca, jamais, em tempo algum o mundo poderia ser destruído por uma guerra atômica, já que apertar o botãozinho que lança uma bomba nuclear para um país levaria infalivelmente a uma resposta imediata do agredido (com outro artefato do mesmo ou maior poder de destruição), e nunca ouvi falar de um estadista, déspota ou ou o que quer que seja que estivesse, fora das linhas do discurso, disposto a morrer por seu país. Todo mundo quer matar, mas ninguém quer morrer.  Além disso, ao contrário do que muita gente pensa, não se trata de algo tão simples como premir um botãozinho e pronto.  A menor consideração sobre esse ato faz que entendamos que ele requereria ativar vários mecanismos, com direito a uma ou várias confirmações ou desistências em dispositivos de altíssima tecnologia.  E não paramos aí:  é fácil deduzirmos que é necessário que venha uma decisão do governo, em consonância com o alto comando do poder político e das forças armadas.  Pois, se assim  não fosse , imagine se um presidente doido estivesse mesmo disposto a ir pro outro lado.  Ninguém acharia justo que uma população inteira fizesse a viagem com ele.  Há cabeças capazes de chegar a pensar que possa um único sujeito ser designado a um plantão de 4 a 8 horas diárias, para ficar parado e olhando fixo pro tal detonador. Não pode de forma alguma ser assim, porque e se o cara pirar?  Se ele descobrir que a mulher o traiu e achar que a vida e o mundo não têm mais nenhum valor?  Se o indivíduo ficar brocha e perder toda a motivação de viver?  Se fosse o Pazuello, dormiria  debruçado no painel.

O mundo, ou ao menos a civilização e as espécies, só será destruído por energia atômica se houver um acidente nuclear -- falo acidente, não uso doloso de armas de destruição em massa.  Em não havendo um sinistro não-intencional, nossa extinção se dará pelas barbaridades que China, Rússia, Estados Unidos, Brasil, Indonésia e outros países destruidores do planeta vêm fazendo contra o meio-ambiente, atos que provocam temporais, secas, vendavais e tragédias ambientais terríveis.  

Às vezes tenho a impressão de que o Brasil sente um orgulho descomunal em ter um papel de grande destaque na empresa de findar com a vida no planeta.  Não posso ver de outro modo o sentimento do país,  por seu tão lamentável, nocivo, desgraçado, bestial e demoníaco papel no contexto mundial.  Porque, se estivesse eu equivocado, os governos de todos os âmbitos, no presente e no passado, além das autoridades, dos políticos e dos manda-chuvas  dos Três Poderes, dos empresários, dos agricultores, de todos os poderosos, ter-se-iam e ainda estariam empenhados em frear o desmatamento, as queimadas,  o garimpo ilegal e outras práticas absolutamente nefastas do poder econômico (quer legal ou ilegal) dentro do território nacional.

A quase total inércia  do poder público é um estímulo e um consentimento ao crime ambiental, e, enquanto as condições para a vida no país e no mundo vão ficando inapropriadas, os devastadores deslocam-se frequentemente para regiões mais confortáveis e propícias ao seu bem-estar, enquanto orquestram e comandam, seja em rápidas visitas aos pontos que devastam  ou a partir de ordens emitidas de pontos distantes do planeta, tocando sua infame atividade de devastar o mundo e as espécies, não sofrendo sanções senão as mais inócuas, além de terem dos membros do Estado a quase (em alguns casos total) cumplicidade, uma complacência, um respeito e uma reverência de que não têm o menor merecimento, pois são os vermes mais perniciosos que já tocaram a face da Terra.