Certa vez postei no "Bluesky" que o Ciro Gomes é de direita, e um cirista me rebateu dizendo que só não concordaria comigo porque "aí seríamos dois a falar merda" e que "Ciro está à esquerda" de Lula. Nem me dei ao trabalho de discutir o mérito da questão, respondi apenas que o seu gosto pelo escatológico era impressionante e o bloqueei. Se o próprio Lula, progressista, mas pressionado pelo Congresso, por fascistas, grande mídia e poder econômico, não consegue fazer um governo social-democrata como desejaria, que perfil teria o Ciro na Presidência? Ciro começou a carreira no PDS, partido da ditadura militar, elogiou em 1990 a política econômica do Collor, passou por vários partidos progressistas sem me convencer e hoje volta ao PSDB, partido criado após o fim do regime militar, que uniu a direita do PMDB aos temerosos de morrer politicamente do PDS. "O bom filho à casa torna."
Ciro tem três intentos ao migrar de volta ao lar: disputar a Presidência da República para, caso ganhe, governar à direita, tirar, se não eleito, votos de Lula em 2026 (já que ainda há quem acredite ser ele, Ciro, de esquerda) e aí se vingaria de o PT não tê-lo apoiado em 2018 contra Bolsonaro. Ciro é parte de um conluio das elites para garantir a vitória da direita em 2026, seja através do próprio triunfo ou eleição de Tarcísio de Freitas, já que irá subtrair votos do atual presidente.
Precisamos ficar atentos, porque os ataques do político cearense a Lula serão muito contundentes, e temos de começar a neutralizá-los desde já.
Digo tudo isso sem ser, por incrível que pareça, lulista ou petista, pois na verdade minha simpatia é pelo PSOL; porém acontece que Lula é o único candidato da vertente popular com chances no ano que vem -- e todos sabemos muito bem o que é um governo de direita, como Temer, que se repetiria em Ciro, ou de extrema-direita, como Bolsonaro, que se reproduziria em Tarcísio.
As elites sempre conspiram e, por razões muito óbvias, têm muita facilidade em conseguir adesões.