Não senti, não, no meu peito
O tocar angelical
Que enfeitiça o enamorado,
Mas te irei sorver a língua
Na agonia dos sedentos,
Provarei da tua pele
Como quem lambe ambrosia,
Sentirei, extasiado,
O calor dessas entranhas,
Fruirei teu corpo quente
Como quem degusta manga,
Sorve a polpa, a água da pera
E assim fica a se aprazer.
Sentirei dentro de ti
O aconchego delirante,
A agonia extasiante,
O regalo que enlouquece
E se expande corpo inteiro
E que irá lotar a casa,
Vazará pelas janelas,
Pelo espaço sideral.
Serei teu inteiramente,
Serei teu sofregamente,
Serei teu como criança
Aninhada no teu ventre.
Mas me deixa a porta aberta
Pr'eu depois ir pelas ruas
E seguir o meu caminho
Sem nos darmos nossas mãos.