sábado, 14 de junho de 2014

PARA ELES, ECOLOGIA É FRESCURA DE DESOCUPADO

Uma e quarenta e cinco da manhã e do apartamento onde moro, num prédio encravado no meio de um mundo de cimento, ferro e asfalto, ouço o canto agoniado de uma maritaca. É frequente eu ver e ouvir bandos dessas aves voando e soltando seus gritos desesperados por aqui. Sinto-me profundamente entristecido e odiento pelo fato de um animal silvestre tentar sobreviver num ambiente tão inóspito, por conta da invasão do seu habitat pelos humanos, graças à anuência irresponsável, perversa e sórdida dos gestores públicos, para os quais nada é relevante senão os votos que capitalizam em virtude de permitirem a favelização das serras e morros, as vantagens que auferem em consentirem a construção de condomínios e bairros em áreas inadequadas como matas, florestas, bosques. Fosse o Brasil um país sério, e essa  escória estaria respondendo por crimes ambientais em longa permanência nas cadeias.
Ouço e vejo micos, gambás e gaviões nos lugares mais impróprios, em meio a postes, fios de rede elétrica, muros de casas, telhados de apartamentos, árvores de zonas urbanas, à mercê das crueldades dos boçais perversos que não os respeitam e se lixam para o fato de que os bichinhos só estão tentando a sobrevivência nas áreas que lhes ficaram após terem visto suas casas roubadas, arrebatadas por invasores e especuladores imobiliários . Não tenho dúvida de que isto ocorre também em países estrangeiros, mas não podemos administrá-los, e o fato de o seu vizinho ser impunemente pedófilo não lhe dá o direito de copiá-lo. Não me conformo com tanta crueldade e tanto descaso com o meio ambiente.
As enchentes e secas, os calores insuportáveis que vêm ocorrendo sobretudo aqui no Rio são os frutos que colhemos por conta da maldade e calhordice desses elementos.
O Brasil é uma vergonha em matéria de política ambiental, um país que não não tem o menor respeito por seus habitantes, a natureza e a questão ecológica. Não dá aos seus cidadãos nenhum motivo de orgulho. Também pudera. O que se poderia esperar de um país onde o viaduto da Perimetral é derrubado, roubando dos cariocas doze pistas de acesso ao Centro da Cidade? Que expectativa podemos ter de uma nação que engana os carentes com bolsa-família ao invés de tentar minimizar de um modo sério e efetivo a questão da miséria?
Terra de muitas falácias e abundante e impune corrupção, como poderia se preocupar com assuntos como preservação da natureza? Nada aqui é importante além da locupletação dos políticos: ecologia, assim, é só uma preocupação e excentricidade de quem não tem nada para fazer. Pobres animais vitimados pela safadeza nacional.

Um comentário:

  1. Como seriam os nossos lagos, rios e oceanos se estivessem isentos da poluição que produzimos durante séculos?
    Uma atmosfera límpida, transparente e sem a presença de partículas de fumaça das queimadas, dos produtos químicos em suspensão e dos gases tóxicos geradas pelos motores existentes?
    Um lugar em que convivêssemos em harmonia com as espécies, sem que ameaçássemos abusivamente o equilíbrio da natureza?
    Este mundo sem guerras, fome, miséria, ignorância, terrorismo, violência, ganância desenfreada, desamor e demais males próprios da raça humana?
    - A maravilha que seria este mundo, não fosse à ação perniciosa do ser humano devastando tudo e tentando se arvorando como o ápice da criação e senhor do mundo?
    - Se aprendêssemos a respeitar os próprios limites e convivêssemos em paz com os nossos semelhantes e o meio ambiente que nos cerca?
    Um dia acordarmos desse sonho louco para um novo despertar, em que cuidássemos bem do hábitat de cada espécie do planeta, incluindo o nosso?
    Usarmos a exploração dos recursos naturais com parcimônia e sabedoria, de forma que não provocássemos a sua total escassez em curto prazo?
    Cessarmos as devastações que provocamos no meio ambiente e que colocam em perigo imediato a nossa própria existência?
    A fauna e a flora sem a atual ameaça de extinção que paira sobre as suas cabeças, se multiplicando conforme o determinado pela natureza, sem a inconveniente e perturbadora ameaça da ocupação desenfreada da terra pelo homem?
    Como seria a vida se enxergássemos a nossa insignificância diante da imensidão do universo e fizéssemos bem a nossa parte?

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