quarta-feira, 14 de agosto de 2019

O OBSTINADO NECROLÓGIO A USTRA SERIA ESTRATÉGICO?




Quando Bolsonaro insiste em chamar Brilhante Ustra de herói, deixa bastante claro até para o mais parvo dos seus eleitores que é um homem de valores absoluta e aberrantemente invertidos, pois que heroísmo há em quem dá choques elétricos, arranca unhas, esmurra e queima homens e mulheres trancafiados e amarrados, inteiramente imobilizados e sem o menor recurso para fugir à morte e às dores lancinantes do martírio?
Para que público fala o sádico e arrogante presidente? Para os ex-torturadores militares hoje decrépitos e presos às suas cadeiras de rodas e à própria demência, que vez por outra se lambuzam de prazer nos vagos e breves lampejos de memória que experimentam  acerca das atrocidades que cometeram e presenciaram em seu período de exercício de poder? Ou se dirige aos ignaros que por juventude e impressionante desconhecimento político e histórico vibram, num surto mórbido de sadismo, com os relatos das dores e sofrimentos experimentados pelos torturados, assim como se assistissem a um filme em que o personagem antipático a seus olhos sofresse enormemente para proporcionar-lhes um prazer vibrante e quase voluptuoso? Ou volta o capitão o verbo maldito para o regozijo dos que viveram a época do regime de exceção, mas estavam, enquanto atrocidades aconteciam, voltados muito mais ou até exclusivamente para o que acontecia nos gramados de futebol do Brasil e do mundo, empanturrando a barriga de comida pesada com cerveja e o cérebro de ignorância e estupidez?
Ou será que o faria apenas por uma arrogância doentia, para provocar os que sentem náuseas e se repugnam e horrrorizam da simples ideia de ver ou saber o martírio de qualquer criatura? Provocá-los-ia com o intento de atiçar-lhes a revolta e buscar nos próprios seguidores patológicos o respaldo suficiente para reiniciar o lamentável passado esquecido da ditadura militar, por iniciativa de si próprio ou por ser um mero fantoche, um reles instrumento de experimento de uma extrema-direita, que o capitão teria por trás de si e que estaria louca para reinstaurar aqui nestas terras um sistema tirânico, com o fim usurpar da população nacional todas as matas, a fauna, os direitos, riquezas e dignidade, diante dos olhos estupefatos, medrosos, cansados e da quietude e tristeza impotente de todos nós?

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