quinta-feira, 26 de março de 2020

EU E O BÊBADO


Vejo a noite, que termina quando os bares são fechados.
Em pouco a noite irá se aprofundar no próprio corpo
E adormecer na paz possível das cidades conturbadas.

Por minha vez, caminho para casa em passos largos,
E o bairro irá repousar pra renovar as combalidas energias
E despertar alimentando as descabidas esperanças.

Estou só na noite, que se apaga em seu cansaço,
E minha alma é o bêbado que cambaleia onde a vista mal alcança,
Numa esquina tão distante, erma e tão escura,
Que parece um lugar qualquer no fim do mundo.

Meus sentimentos estão vagos, apagados e quietos.
O demônio que há em mim dorme profundo,
E o deus que tenho não tem forças e nada que me ajude ou  possa me alentar.

Estou apenas levemente embriagado,
Mas me encontro naquele bêbado que é triste e nada espera
E na esquina escura a que em minutos vou chegar.
Eu, o bêbado, a esquina escurecida,
Nos tornamos os três um ente só.

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