Não há mais dança de roda ou ciranda,
Não há mais bela moça a sonhar a varanda,
Nem mais há casais contando as estrelas,
Seresteiro nenhum cantando ao luar.
Não há mais poesia no mundo,
Não há mais poesia em meu mundo:
Meus anseios são todos de ferro,
Concreto, cascalho, pvc, pó de pedra.
O tempo foi duro, cimentou-me as quimeras,
Cobriu de azulejos meus campos de lira,
Tornou sons de draga as mais belas cantigas,
Secou a nascente da minha emoção.
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