sexta-feira, 12 de agosto de 2022

O CREPÚSCULO

 Vejo ofuscar-se o céu no horizonte,
No distante horizonte, horizonte tão próximo.
Acho que anseio que venha o crepúsculo
E que anoiteça de uma vez por inteiro.

O cansaço das gentes, dos fatos e coisas,
Da engrenagem perversa, das almas tão podres,
Da sordidez humana, da crueldade dos homens,
Das pessoas tornando horrendo o que é belo,
Fétido o perfumoso, rude  o que é lírico.

Que venha a noite profunda:
Meus olhos incrédulos contemplam o crepúsculo:
Vontade de sair-lhe ao encontro.
Minh'alma exausta em torpor e disforme,
Diluída num chão de cimento,
Sem lira, poema ou resquício de vida.
Minh'alma não quer alçar nenhum voo,
É cinzenta como o chão duro,  poroso
Onde se encontra imóvel, prostrada.
Que venha o crepúsculo, a noite profunda,
Nada mais, nada além, nada mais.


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