quarta-feira, 28 de agosto de 2024

A GLOBO TEM HUMOR EM SEU JORNALISMO

 Em vista dos poucos programas de humor que há nos dias de hoje, não hesito em ver o EM PAUTA, da GLOBO NEWS, que me mata de rir com as ideias jocosamente retrógradas e fascistoides do Demetrio Magnoli e da Eliana Cantanhêde.  A GNEWS é igualmente risível quando o Merval Pereira comparece ao ESTÚDIO I(i), porque este, assim como os outros, me parece uma espécie de porta-voz de Delfim Neto, Roberto Campos avô, Paulo Guedes, Garrastazu Médici, Magalhães Pinto,  Costa e Silva, um reacionário desses que tanto fizeram  o Brasil sofrer. 

O grande problema é que essas comédias são muito obscenas e não recomendáveis para influenciáveis menores de 150 anos.

CLAMOR INÚTIL

 Parai, humanos, e vede atentamente

A sede de quem ama e canta, olhos fechados,

E solfeja entre palavras adoçadas de emoções

E se alumbra fundamente ante o amado ser

Ou mesmo à simples vista do rubor de um arrebol.


Parai os fuzis e tanques, granadas, bombardeiros

E fazei dos mísseis nada, nada mais do que sucatas.

Contende essas indústrias emprenhadas de fumaça e morte,

Parai o morticínio dos animais, que tendes como vossos.


Cessai, homens, a guerra, a morte e o que destrói,

E ouvi, imóveis, tudo o que vos canta, toca e diz poema.

Mirai, imundos, a natureza que estais por dizimar

E a infinda lindeza de uma garça a se aninhar.


Deixai de lado essa ganância horripilante

A parir a guerra, o ódio e a mais vil corrupção.

Quedai-vos ante a bailarina flutuando no teatro

E orai aos anjos do lirismo, embora não creiais.


Tocai na seda das canções, dos violões e das cascatas

E me enganai e me iludi, mas nunca permitais

Meu despertar desta utopia insana e descabida

De que seríeis capazes de ouvir clamores como os meus.


POEMA DA MANHÃ

 Vem, mulher dos olhos mansos,

Acender minha manhã;

Vem, alegra minha casa

E fogueia o corpo meu.


Passarinho matutino, 

Vem pousar nessa varanda,

Salpicar tua alegria,

Vem cantar no peito meu 


Sol ameno, adentra o quarto,

Enche a casa com teus raios;

Vem ornar essas paredes,

Vem mostrar que há vida em mim.

terça-feira, 27 de agosto de 2024

NÁUFRAGO

 Ai, viajante

A percorrer

Caminhos turvos,

Negras ondas,

Bravos mares:

Marinheiro

Dos naufrágios,

Sem resgate,

Terra à vista

Ou uma ilhota.


Ai, o temor,

Temor dos ventos,

Das calmarias,

Do breu da noite,

Do sol brilhante...

Do céu que encosta

Nas águas verdes

Temor profundo

Da morte e vida.


Temer, chorar...

Ai, olhos baços

Que nada avistam,

Que nada esperam

Nem mais se iludem:

Serenos, miram

A triste morte:

Ai, viajante 

A dar-se à morte.




sábado, 24 de agosto de 2024

O CREPÚSCULO DO LULA

 Repudio e tenho ojeriza ao Bolsonaro e à direita, assim como estarei sempre contra todo aquele que  pretender atacar a nossa ainda tão ameaçada democracia, mas noto que o Lula tem uma visão absolutamente privilegiada, além do alcance de todos os seres humanos da Terra (ou pelo menos do Brasil), porque foi o único que conseguiu ver em Nicolás Maduro, o bolsonaro da Venezuela, um democrata, além de negar veementemente que haja uma ditadura no país vizinho. E isso ele fez em 2023 e uns dois dias atrás.: Lula também é negacionista.

Eu, por minha vez, acho que o repulsivo caudilho venezuelano é mais do que um democrata: é o próprio Clístenes, cuja reforma política criou a democracia ainda na Grécia Antiga.  

O presidente brasileiro, por sua leniência  e defesa a um homem que não tem o menor respeito às liberdades democráticas e ao governo e  cidadãos brasileiros, acabou de cometer o mesmo suicídio político de Leonel Brizola quando declarou, em 1992, que por ele a CPI contra o Collor não sairia.

Que alguma figura democrática e progressista surja e cresça para nos salvar da direita em 2026.


A SAUDADE

 A saudade dói qual querer voltar

Sem achar jamais o caminho,

Rói como o afã de retorno

À terra que não há mais,

Precisar se aquecer do frio

Ao sol que morreu, se apagou.

Ansiar pela voz sublime

De alguém que já emudeceu.

É assim como sede intensa

De beber na fonte já seca.

A saudade é um séquio de estar

Na mata que agora é cinza

E traz um desejo insano

De prantear sem cessar.

sexta-feira, 23 de agosto de 2024

ELA

Aninhou-se em meu peito como eu fosse abrigo

Dos maremotos e furiosos vendavais;

Como se a protegesse do tempo e da tristeza,

Da infâmia, da morte, da dor e todo mal.


Aconchegada, era como uma menina,

Mas se deu na incandescência de mulher.

Disse coisas de fazer devanear.

Sua voz enchia o ar de poesia.


Ao sair, estava ainda mais bonita,

Um poema ambulante pelas ruas.

Plantou vida, alegria em minha casa,

Do meu peito fez morada da esperança.

domingo, 4 de agosto de 2024

AS MOÇAS DA NOITE

 O primeiro da noite era bruto

Assim como fora um ferreiro

E fora a cama a bigorna,

E escoriou Diany sem pena.


O terceiro, com mãos ensebadas,

Cheirava a suor e gordura

E Diany conteve mil náuseas,

E se deu como entregue a um martírio.


O quinto falhou de tão bêbado,

E o esforço hercúleo da moça

Não trouxe nenhum resultado

Senão certo alívio, um suspiro.


O oitavo era assim como um lorde

E cheirava a lavanda e perfume,

E Diany se abriu, serenada,

Cumprindo em paz seu ofício.


Na noite de quase calvário,

Diany dormiu como pedra,

Tal como sofrera um nocaute

E mais pareceu uma morta.


À tarde, acordou no bordel

E contou seus percalços a Marta,

Que transtornos também relatou,

E olharam-se, ternas e cúmplices.


As duas se deram as mãos,

Um abraço apertado, tão pleno,

E as línguas sugaram-se, ardentes,

E os corpos se deram em volúpia maior.