sexta-feira, 5 de junho de 2020

NÃO CONTE NADA


Não conte, não, dos espinhos lá de fora,
Se eu apenas quero lhe sentir o rosto quente
Repousando no meu peito, que te acolhe,
E os lábios que se amassam, ávidos, nos meus.

Não conte, não, qualquer vivência adquirida,
Que eu quero agora é esquecer sua partida
E a prostração que sua ausência trouxe a mim.

Faça de conta que o ontem nunca houve,
Que este momento é tudo, tudo quanto existe
E que nunca, nunca mais vai terminar.

Não conte, não, dos seus amores fracassados,
Não fale nada de aventuras mal vividas,
Não diga nada, não, sobre os seus dias,
Pra que eu não abra a porta e aponte a rua
E diga: "A volta dói bem mais do que a partida".

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