Não, um deus onipotente não há, não, de haver,
Se as crueldades impunes que grassam no planeta
Não lhe permitiriam nunca ser absolvido.
Não há de haver Deus, mas alminhas pros bichinhos
Que morrem nas queimadas perversas do Brasil.
Há de haver alma pra lagartixinha diminuta
Que matei em minha casa, sem querer.
Há de haver uma alminha para cada cachorrinho
Que brincou e que latiu em minha vida
E se foi, me deixando uma tristeza sem tamanho.
Há de haver almas para meus humanos mortos,
Que me fizeram viver mais o passado que o presente.
Há de haver uma alminha para o grilo que eu ouvi
Cantar dentro de casa toda noite
E um dia encontrei sofrendo pra morrer.
O amor é mais amplamente universal do que se pensa
E se estende também ao seres diminutos.
O amor não aceita, não digere o que é a morte,
Porque o verdadeiro amor nunca se aprende
Nas pregações conformistas de Jesus
Ou de qualquer profeta aqui do mundo:
O amor é bem maior que o Universo,
Que qualquer amor que nos queiram ensinar.
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