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quinta-feira, 27 de março de 2025

A CIDADE

 Vou-me embora pr'um lugar belo e distante

Que me inspire redondilhas, madrigais,

Onde as matas, veneradas como deusas,

Sejam templos majestosos, divinais.


Vou-me embora pr'um lugar onde os bichinhos,

Muito amados como os anjos que bem são,

Não vagueiem pelas ruas e sarjetas,

Vivam qual num merecido paraíso.


Vou-me embora pr'um lugar sem mendicância,

Onde a fome nem sequer tente chegar;

Onde amantes sejam livres das ganâncias

E não queiram mais que afeto e que se dar.


Onde brinquem, felizes as crianças, 

Onde, soltos, me cantem rouxinóis;

De onde fique tão longínqua a hipocrisia,

Que não saiba lá chegar de modo algum.


Se o lugar não existir aqui na terra,

Vou a Marte ou Vênus para achá-lo.

Se, inda assim, não encontrar essa cidade,

Vou erguê-la em minha mente pra morar.

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