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sábado, 29 de março de 2025

LAMBARI, UMA TELA DE CINEMA

 Se um dia eu voltar a Lambari, sentirei fundamente a ausência daqueles que em minha juventude comigo para lá viajavam  do Rio de Janeiro e, como alguns que ali moravam, já não vivem mais.  Sua lembrança irá me ferir sob a forma de tristeza e nostalgia, e essa tristeza será como um fantasma ubíquo a me surgir nos cantos todos do solar e nos umbrais que irei atravessar.  A casa aos meus olhos será lúgubre e sombria, com a umidade, o mofo e o escuro das masmorras e dos casarões abandonados.

Encontrarei toda a cidade transfigurada totalmente, sem a poesia que outrora me acolhia, e, entre as pessoas, não haverá ninguém que eu haja conhecido. Perceberei, então, que os laços que me uniram à cidade se terão evaporado como o éter a se desintegrar no ar.  Porque não será a Lambari que conheci e que tinha alguma inocência e um charmoso romantismo.  

Contemplarei as ruas sem encontrar entre nós nenhuma identidade, e caminharei a esmo não como estando por ali, mas qual alguém que anda a olhar uma tela de cinema, sem no cenário poder entrar jamais

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