sexta-feira, 20 de dezembro de 2013

CONFISSÃO DO REPULSIVO

Eu capitulei à pressão esmagadora do poder,
O meu medo foi maior que o ódio. Meu Deus!
Logo o meu ódio, que eu sempre amei,
Por que tanto zelei, que tanto preservei!

Eu beijei as mãos do poder,
Para não ser, é claro, por ele massacrado...
Mas eu beijei as mãos do poder!
Eu me ajoelhei diante do poder e lhe fiz reverências,
E o meu ódio era antes a única coisa que eu tinha.
Eu agora sou abjeto, vil, sujo e mesquinho.

Nada agora me ficou senão a inveja do heroísmo dos covardes,
Da grandeza dos traidores e da dignidade dos vermes.
Eu, que agora invejo a imponência dos bêbados desistentes da vida,
Que se sentam sozinhos no fundo dos bares
E se matam aos poucos de tanto beber.

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